Estamos em pleno Advento e este é o tempo em que esperamos a Esperança. Estes dias dão-nos a oportunidade de entender a presença começada de Deus, permitem-nos preparar os caminhos do coração para acolhermos Aquele que vem dar sentido aos nossos gestos, porque esta espera de todos os anos vem lembrar-nos a presença oculta das coisas começadas. Deus já veio. Deus está. Mas, todos os anos, por esta altura, dá-nos a oportunidade de reaprender os passos que vamos perdendo na correria dos dias, os que as nossas noites (às vezes difíceis, as nossas noites!) nos fazem esquecer.
Estes são dias de interrupção. Paramos um bocadinho para limpar o nosso olhar de tudo aquilo que nos distrai para o centrarmos naquilo que vai acontecer em Belém. E Belém é dentro de nós. Por isso, é também (sobretudo) aí que temos de preparar o Natal que não demora.
No caminho deste ano, tenho pensado em José, um homem resguardado no silêncio, um homem com coração de pai, um santo de quem nos esquecemos e que desempenhou um papel tão importante na narrativa da Salvação, um homem que, com Maria, faz a ponte do Antigo para o Novo Testamento. Tenho olhado para ele, este ano, com uma atenção redobrada, porque ele é o homem do advento primeiro, aquele que nos ajuda a abrir as nossas noites aos segredos de Deus (ou não fosse ele o homem dos sonhos...), aquele que nos ajuda a aceitar que Deus vem e que é preciso ter tudo pronto para o acolher (mesmo quando todas as portas se fecham), a cuidar desse amor que nos vem do céu, a fugir dos herodes desta vida e a contemplar a beleza que é esse Menino que, todos os anos, teima em nascer na nossa casa e no nosso coração.