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Artigo de Opinião

24/06/2021 08:02

Ultimamente há um comportamento que tenho observado e que me tem feito pensar.

Tenho visto muitos ataques pessoais a pessoas que se destacam em algo. Encontrei uma falácia que fala exatamente disso.

"Falácia ad hominem : Ataca-se a pessoa que apresentou um argumento e não o argumento que apresentou" explica Stephen Downes.

Quando fazemos ataques pessoais chamamos nomes: idiota, mentiroso/a, trafulha, ignorante, burro/a, agarrado/a, e tantas coisas mais.

Quando observo este comportamento acho sempre que quem o faz assume que é superior, afinal pensamos que ofendemos os inferiores a nós, não? Sentimo-nos superiores, mas ao mesmo tempo demonstramos a nossa pouca capacidade de pensar/refletir - aqui a nossa inferioridade.

O filósofo também diz que esta falácia é usada como elemento de distração, pois desvia a atenção da informação que é relevante, ou seja, provoca a quebra de discussão e do diálogo.

Se evoluímos pelo diálogo, então estas pessoas promovem a mediocridade de pensamento. O ofendido fica sem argumento, como responder a ofensas? Aparece uma desmotivação na continuação do seu raciocínio. Não há evolução. Um bom modo de regredir no diálogo e no uso da palavra (liberdade de expressão).

Estamos em ano de eleições, vão sair muitas comunicações de pessoas que estão nos partidos ou são candidatas. Para mim, evoluir é votar bem. É nas propostas que estão as diferenças e na opção do X que vamos fazer.

Confesso que não tenho muita curiosidade sobre a vida pessoal dos candidatos, quero pessoas competentes e com políticas que respondam a todos e a todas. Será que evoluímos desde a série americana "Dallas"?

As eleições americanas são sempre à volta da pessoa, em vez de serem à volta da política que essa pessoa defende. Nunca aceitei isto, mas aqui muitos fazem o mesmo, como se fosse uma revista cor-de-rosa. Acho muito arriscado, porque a política é para responder à população. Este tipo de campanha coloca o candidato a jeito para ter ataques pessoais e não ser questionado pela sua real função que é fazer proposta política que chegue a todos. A minha questão é: Será que é de propósito? Ao fomentar o pessoal não tem que investir no que lhe pedem para fazer? Política! Há um desvio propositado do foco?

Os ataques ao pensamento político são mais raros e requerem mais raciocínio. Mas a verdade é que não são muito valorizados, chamar nomes a alguém, comportamento que considero medíocre, tem mais aplausos que debater um pensamento político.

Estou na política há algum tempo, mas tenho visto o debate a ficar mais pobre. A pandemia mudou-nos a todos, mas temos que obrigatoriamente de voltar a exigir debate político porque só assim se combatem as grandes desigualdades sociais. Vamos fazer campanhas de propostas e não de pessoas. Vamos ver para além do comportamento. Roubos? Sem abrigo? Consumo de substâncias? Desemprego? Dubai no Funchal? Maior hotel de Portugal no Funchal? Programas de emprego que promovem a precariedade? Obras na costa? Tapar a vista ao Miradouro (?!)?

É preciso muita coragem para combater as desigualdades e proteger o ambiente. É preciso muita perseverança para fazer política independentemente dos interesses pessoais ou partidários. É preciso muita competência e motivação! É obrigatório fomentar a capacidade de diálogo e discussão!.

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