"Mega-incêndio". É desta forma que os peritos classificaram o fogo que lavrava em Dadia, Grécia, e que destruiu mais de 81.000 hectares de zona florestal, uma área quase equivalente à cidade de Nova Iorque. Este incêndio é o maior na União Europeia desde 2000, altura em que o Sistema Europeu de Informação sobre Incêndios Florestais começou a registar dados.
E é apenas um dos mais de 80 fogos florestais que têm sido registados na Grécia desde 17 de julho de 2023. As chamas que têm feito de várias localidades autênticos infernos na terra, causaram pelo menos 28 mortos, deixando 75 pessoas feridas e imensuráveis perdas de fauna, flora e habitações.
Incêndios florestais no verão são infelizmente comuns nos países europeus do Sul. Portugal tem sofrido a sua quota parte também. Com certeza lembra-se dos incêndios de 2016 cá na Região e da imagem altamente partilhada da Madeira vista do espaço com uma gigantesca nuvem de fumo sobre a ilha. Os cientistas associam o aumento da frequência e intensidade dos fenómenos meteorológicos extremos, incluindo as ondas de calor, às alterações climáticas.
Sem conseguir dar resposta, no dia 20 de agosto, a Grécia activou o Mecanismo de Proteção Civil da UE pela segunda vez este verão. E apesar da dor e perda que aquele país tem suportado nos últimos meses, a situação poderia ter sido ainda pior se não fosse este Mecanismo. Por isso vale a pena falar sobre o mesmo porque as catástrofes não conhecem fronteiras.
Criado em outubro de 2001 pela Comissão Europeia (CE), este mecanismo de ajuda visa reforçar a cooperação entre os países da UE e nove Estados participantes, em matéria de proteção civil, a fim de melhorar a prevenção, a preparação e a resposta a desastres.
"Quando uma emergência ultrapassa as capacidades de resposta de um país, este pode solicitar assistência através do Mecanismo. A CE desempenha um papel fundamental na coordenação da resposta a catástrofes, contribuindo com, pelo menos, 75% dos custos de transporte materiais e operacionais", lê-se no website do Mecanismo.
Ter uma resposta conjunta bem coordenada significa que, quando as autoridades nacionais estão sobrecarregadas, têm um ponto de contacto em vez de vários para lidar com as emergências. Uma abordagem conjunta ajuda ainda a reunir os conhecimentos especializados e as capacidades dos socorristas, evita a duplicação dos esforços de socorro e garante que a assistência responde às necessidades das pessoas afectadas. Como resultado do segundo pedido de ajuda ao Mecanismo na Grécia, seis países enviaram equipas terrestres de combate a incêndios que foram fundamentais.
Desde 2001, este apoio foi ativado mais de 650 vezes para responder a emergências que vão além de fogos. Cenários de guerra, inundações e até assistência durante a pandemia, por exemplo. Com a iminência de mais catástrofes virem a acontecer no futuro próximo, é de louvar programas como o Mecanismo de Proteção Civil da UE. Portugal já enviou ajuda, da mesma maneira que já recebeu. Num mundo que é cada vez mais global, estas iniciativas mostram-nos que não estamos sozinhos e que a união faz a força, até nas mais terríveis situações. E termino aplaudindo os socorristas que põem em risco as suas vidas em prol de outras, por vezes fora dos seus próprios países.