De entre as centenas de promessas eleitorais que resolveriam todos os problemas da cidade, ouvimo-lo reclamar competências latas para o poder local, que continuam sem concretização.
Na área social, a fragilidade ou ausência de estratégia é notória e consubstancia-se no número de pessoas que, num só ano, já passaram pelo pelouro: 4! 4?, espantar-se-ão, sim, 4! O projeto municipal que funcionava anteriormente, em horários diurnos e noturnos, e que mantinha equipas de apoio à população em situação de sem abrigo, a pessoas consumidoras de substâncias na rua ou trabalhadoras do sexo na rua, fazendo a monitorização e a interligação com a rede social existente na cidade foi eliminado, sem se criar qualquer alternativa. Copiou-se o projeto "Habitação Partilhada", que funcionava em S. Roque (aposta social e única na RAM do anterior executivo), mas a promessa de retirar rapidamente as pessoas da rua, dando-lhes trabalho e habitação, não aconteceu. A casa, deixada quase pronta pelo anterior executivo, continua fechada. Quantas pessoas estão a trabalhar na Câmara do Funchal, na sequência da alteração feita ao regulamento do Programa Municipal de Formação e Ocupação em Contexto de Trabalho, criado anteriormente? Quantas pessoas saíram da situação de fragilidade social e vão passar este Natal em casa? A criação da Polícia Municipal foi novamente rejeitada porque dá jeito um constante atirar de culpas para a República, mantendo a construção de um inimigo externo que deseja mal à RAM em geral e ao Funchal em particular, para explicar os problemas que cada vez mais são difíceis de ocultar e que são da total responsabilidade dos governos do PSD.
O PSD, agora aliado ao CDS que se limita a sancionar tudo o que há uns anos criticava, na mira de manter alguns dos seus militantes na ribalta, em 46 anos de governo, não investiu na prevenção da toxicodependência, nem no empoderamento e autonomização da população. Preocupou-se, sim, em criar mecanismos que o mantivessem no poder. Aqui se percebem as diferenças dos projetos políticos. O PSD prefere usar a propaganda, a subserviência e o governo pelo medo, seja das forças militares ou policiais. O PS preferiu perceber as causas e atuar com uma visão humanista, respeitadora da lei e empoderadora.
O atual presidente da CMF não só não contribuiu para a resolução de um problema existente, como eliminou o trabalho que já existia, agravando a situação e a perceção de insegurança, que tanto prejudica a nossa cidade, preferindo apostar numa atitude populista e autoritária.
O exercício democrático do poder requer uma visão a longo prazo, com projetos para as populações, que impliquem visões e estratégias dilatadas no tempo, na busca da melhoria da qualidade de vida das comunidades e não projetos pessoais, cuja única visão estratégica é a sua manutenção pessoal no poder no ato eleitoral mais próximo, tentando trepar na hierarquia do poder.