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Artigo de Opinião

Conselheiro das Comunidades - África do Sul

27/12/2024 08:00

As recentes eleições presidenciais e congressionais americanas recentemente realizadas, recompuseram extensivamente os EUA no seu lídimo lugar de notoriedade como cabeça da democracia mundial.

Malgrado os acontecimentos frequentes de manifesta aviltação observados na campanha eleitoral, os americanos e o mundo podem olhar para trás para as eleições de 5 de novembro de 2024, com um suspiro de alívio, dignidade cívica e altura moral.

Tudo está bem quando acaba bem.

Donald Trump, pode dizer-se sem pejo, desafiou as probalidades - três tentativas frustradas de assassinato - obtendo uma vitória sem consentir espaço para disputas razoáveis nem alimentou os comediógrafos clássicos.

Trump averbou uma vitória, conseguiu um confortável número de votos do colégio eleitoral suficientes para a vitória, em comparação com a sua rival Kamala Harris, que evidenciou insuficiência.

O processo eleitoral, altamente contencioso, não obstou que os políticos americanos surpreendessem agradavelmente o culminar do processo com Trump a prometer unificar os americanos e trazer uma “era de ouro” e, além disso Kamala Harris a telefonar a Trump, parabenezindo-o e simultaneamente exortando os seus apoiantes a aceitar os resultados.

Outro facto notável, foi o Presidente Joe Biden, de forma célere a dirigir um convite ao vencedor para a Casa Branca, com o intuito, certamente, de ser iniciada uma transição imperturbada.

Gestos nobres de ambos os lados que ajudaram a acalentar tensões e receios de possível violência pós-eleitoral.

Uma situação dissemelhante à que se desenrolou após Biden ter sido declarado presidente eleito em 2020, quando Trump estava nitidamente à frente de Biden e se preparava para fazer o discurso da vitória, quando com tardança chegaram dois milhões de boletins de voto enviados pelo correio ao Estado da Pensilvânia, inclinando com relevância a eleição a favor do candidato do Partido Democrata.

Instalou-se o furor sobre o que os republicanos tinham como “fraude” o suficiente para uma revolta que terminou com a invasão do Capitólio tendo sido logo apodada pelos democratas de “tentativa de golpe de estado” pelos apoiantes de Donald Trump.

As eleições gerais de 2020, arrastaram a democracia americana para o nível de muitos países de terceiro mundo, muito devido à perceção de compromisso.

Desta feita, em 2024, foi diferente porque a tal perceção não foi criada, os árbitros eleitorais dos EUA estavam acima da mesa, o surgimento de um vencedor pleno e o fardo patriótico sobre o vencido para parabenizar o vencedor.

Foi desta forma que a democracia americana e os americanos emergiram verdadeiramente vitoriosos, num momento de grandiosidade testemunhado no mundo inteiro com o vencido, espontaneamente, a parabenizar o vencedor após renhida contenda presidencial.

A democracia gratulou-se.

Sem eleições livres e justas a democracia está condenada ao fracasso e é conducente a enfrentamentos, violências e pelejas indesejáveis arrastando os países para conflagrações fratricidas, devastadoras e intermináveis, fabricando mais sofredores inocentes, destruindo famílias, sociedades, riquezas naturais e culturais, delapidando recursos, e pior, arremessando os seus próprios compatriotas uns contra os outros para hostilidades sangrentas e impensáveis como as que atualmente se observam em Moçambique que se encontra vivendo horas enodoadas no meio de alegações de fraude eleitoral, agravadas com ações letais de forças de segurança que integram pessoas não falantes das 41 línguas nacionais da Constituição, nem português, mas, articulam, facilmente, a língua árabe, do ramo semita e da família de línguas afro-asiáticas do Sudão, em que se expressa o povo beja, o que não augura bem nem deixa de ser preocupante para Moçambique.

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