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Artigo de Opinião

O ESPÍRITO DOS TEMPOS

29/01/2021 08:00

O Funchal vive há 8 anos infectado por uma filosofia de fracasso e sob o efeito anestesiante de uma nova e confiante "revolução". O dilema é que as revoluções são como as árvores: definem-se pela qualidade dos frutos, não pela eloquência das palavras. E os resultados, 8 anos passados, estão à vista nas duas coligações destruídas, nas fugas à responsabilidade, no desinvestimento injustificável que trouxe a degradação generalizada, e na habitual intriga interna entre facções e trupes socialistas. Só que o problema da guerra privada é quando contamina as ruas da cidade pública, destapando os frutos podres e o mau cheiro da árvore revolucionária. Mas é nessa observação que se sente a urgência de uma alternativa à comédia que empesta a cidade. E essa alternativa existe, passa por uma coligação de partidos livres e próximos, liderada pelo PSD, mas incluindo o CDS, o Iniciativa Liberal, o MPT e o PPM, numa frente política unida por um projecto sólido capaz de baixar impostos e de eliminar taxas, e de investir, aprumar, desenvolver e, ainda, de criar uma ideia de cidade. Eis o caminho para restituir a dignidade, o caminho também para acabar com os experimentalismos e com as desculpas infantis que só atrasam o Funchal. Chega de socialismo.

O alienado

Com saudades do gosto da vitória, o líder socialista local teve o seu momento Francisco Rodrigues dos Santos quando proclamou a vitória do PS/Madeira na eleição presidencial. Televisão adentro, Cafôfo excitou-se tanto com a dita que afirmou que os votos do PSD tinham ido para Ventura e que os votos do PS é que tinham ajudado Marcelo na Região. Claro que a RTP/Madeira, canal onde assisti a esta peça humorística, prolongou o martírio visual em directo para que ninguém perdesse a oportunidade de ouvir o absurdo. Mas a verdade é banal. Na realidade, o líder socialista tentou apagar o apoio do PS local a Ana Gomes, uma inimiga do CINM e seguidora confessa de um método muito popular, embora estalinista, em que se condena primeiro para se acusar depois. Aliás, Cafôfo percebeu que é inútil explicar a descerebrados que o populismo justicialista de Ana Gomes não é distinto do populismo justicialista de André Ventura. E, interiorizando isso, tentou descolar das horríveis criaturas, sem grande sucesso. Se a evidência mostra que nem António Costa foi tão fundo no buraco cavado com a ideia de vitória socialista, a tese inicial, essa, cai por terra quando se percebe que não foram os votos do PSD que alimentaram Ventura. Mas sorrindo, como um petiz que acabou de receber um brinquedo, Cafôfo pareceu-me genuinamente feliz. E por isso mereceu a bicicleta.


Marisa e o BE

Continua difícil de perceber a estratégia do BE local e a insistência no caminho do suicídio político. Isto acontece desde 2019, ano em que a colagem do Bloco ao PS levou à incineração dos bloquistas e à perda dos dois deputados na ALM e do deputado na AR. Quem vê de fora, vê com clareza: com o candidato socialista no auge da popularidade, o Bloco pensou que a geringonça regional era o futuro e prostituiu-se por uma promessa, acabando dilacerado pelo voto útil e pelo fim do financiamento público. Daí para cá, as coisas intensificaram-se para pior, porque o BE vale apenas um cargo interno de chefia para o líder e um lugar de vereadora quase sem pelouros. E é assim que se amanha uma coligação no Funchal, esclarecendo que a cola que os une é resultado de uma exploração de fraquezas e não de uma cooperação de forças. O cúmulo foi a visita de campanha à Região da candidata Marisa Matias que acabou a fazer promoção a um socialista, enquanto Paulino Ascenção ficava na rectaguarda submissa, sufocante e, claro, humilhante. Porém, nem tudo foi mau. Desta vez o BE não perdeu nenhum deputado. Mas só porque não havia nenhum para perder.

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