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Financiamento continua a ser desafio para Centro de Química da Madeira

Data de publicação
03 Outubro 2024
17:12

Questões relacionadas com o financiamento e investimento estiveram em foco, esta manhã, na sessão de abertura do 11.º Encontro anual do Centro de Química da Madeira (CQM) que decorre, até amanhã, no edifício da reitoria da Universidade da Madeira (UMa), no Colégio dos Jesuítas.

João Rodrigues, coordenador do CQM, foi o primeiro a subir ao púlpito começando por lembrar que o evento marca também a celebração dos 20 anos do Centro que “tem sido uma referência na Região nas áreas da química e da bioquímica”, criando um espaço de inovação e conhecimento para que os jovens investigadores tenham a oportunidade de se afirmarem, crescerem e contribuem para o crescimento científico e tecnológico da Região e do país.

Lembrando os desafios financeiros e estruturais que o Centro tem enfrentado ao longo dos anos, o responsável indica que, embora a sustentabilidade financeira do CQM esteja “intimamente ligada” aos resultados das avaliações da FCT – Fundação para a Ciência e a Tecnologia, a nível regional “o financiamento continua a ser um desafio”.

“Não podemos contar com mudanças rápidas no paradigma de apoio às instituições de investigação sediadas na Madeira. São recursos humanos que não conseguimos fixar de forma permanente. Impedimentos vários no acesso a fundos nacionais e regionais para o reequipamento. Projetos aprovados que não são financiados, etc”, elencou.

No entanto, o coordenador entende que o futuro não depende apenas da conjuntura. “Depende de nós. Temos de fazer mais e renovarmo-nos, baseando-nos no que existe, no conhecimento produzido nestas duas décadas. Na nossa estrutura organizacional e na estabilização da equipa de investigadores doutorados”, disse, defendendo ainda a contratação de investigadores seniores que tragam novas visões, novos contactos e novas oportunidades de financiamento, assim como continuar a manter uma estratégia internacional e alargada.

“Hoje, olhámos para trás e vemos que construímos muito mais do que uma instituição de investigação. Construímos um centro de oportunidades, uma casa de liberdade de criação para dezenas de investigadores e um marco científico que projeta internacionalmente o nome da Madeira e Portugal”, rematou.

“Estou a pedir investimento”

Investimento foi assunto também destacado na intervenção de Sílvio Fernandes, reitor da UMa, o qual entende que não faz sentido ter um quadro jurídico e financeiro de apoio à atividade de ensino e não ter um quadro equiparado de apoio à atividade de investigação.

“Se em toda a arquitetura jurídica que apoia esta atividade se diz que o que é privilegiado nas universidades é o ensino, a investigação científica e a transferência de conhecimento para a sociedade, mas só uma é que é financiada de forma regular e as outras são financiadas de forma regular pela FCT, mas de forma não tão regular pelas estruturas do estado”, criticou.

Sílvio Fernandes recordou que a nível nacional há a intenção de aproximar o investimento público em investigação e desenvolvimento daquela que é a percentagem que a União Europeia determinou que é 3%. No entanto, a Madeira está “muito longe disso”. “A nível regional estamos mesmo muito longe. Estamos 0,4%. Quando em Lisboa e Vale do Tejo essa percentagem já está a 1,7% (...) Dizem sempre ‘não estejas sempre a pedir dinheiro’, mas eu não estou a pedir dinheiro, estou a pedir investimento”, refere, mencionando que não é possível ter investigadores qualificados, para obtenção de reconhecimento internacional, sem ter algum dinheiro de investimento prévio.

“O que a Universidade da Madeira quer é que, numa primeira fase, façam investimento em eixos estratégicos da universidade, porque a marca universidade e a marca Madeira são muitos poderosos e, se nós conseguirmos fazer esse trabalho e com a qualificação que nós temos aqui e com a qualidade dos nossos investigadores, estou convencido que chegaremos a bom porto”, denotou.

Ecossistema de ciência e tecnologia

Já o presidente do Conselho de Administração da ARDITI, Rui Caldeira, defendeu um ecossistema de ciência e tecnologia na Madeira, que conte com a participação da química, da física e da matemática.

“Precisamos de contar com todos, porque a Região é pequena e precisa desta interdisciplinaridade e porque sem isto não conseguimos efetivamente contribuir para o desenvolvimento económico”, realçou, acrescentando que a Região ficaria a ganhar se fosse possível estabelecer pontes de diálogo nas várias áreas do conhecimento.

“A Região não pode ser só turismo. Nós precisamos de redefinir a nossa economia, mas para isso alguns políticos, e bem, acham que a ciência e a tecnologia tem um contributo a dar, mas para isso acontecer tem de haver vontade de ambas as partes (...) Nós não nos podemos pautar simplesmente pela excelência científica se queremos influenciar o desenvolvimento económico da Região”, observou.

Já Francisco Fernandes, presidente do Conselho Geral da UMa, subiu ao púlpito para dar nota daquelas que foram as conquistas alcançadas pelo CQM ao longo dos anos, tecendo uma palavra de felicitação aos investigadores pelo número “bastante elevado” de citações a nível mundial. Recorde-se que, conforme foi noticiado recentemente, sete docentes e investigadores da Universidade da Madeira (UMa), encontram-se no Top 2% dos cientistas mais citados no mundo.

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