O advogado do presidente da Câmara Municipal da Calheta disse hoje, à saída do Palácio da Justiça, após conhecidas as medidas de coação aplicadas pela juíza de instrução, Susana Mão de Ferro, que o processo Ab Initio (expressão do latim que em português significa “desde o início”) “vai ser mais longo” e que terá mais do que os oito detidos conhecidos.
“É óbvio que será um processo longo, porque não tem apenas estes oito arguidos, não é? Tem uma série de suspeitos que, no final, hão de ser, talvez, diria eu, cerca de 20 arguidos, sensivelmente”, disse João Nabais, à saída do tribunal.
Esses arguidos “irão ser chamados agora, a pouco e pouco, e o inquérito continua”.
Nabais revelou que entre os suspeitos ainda não conhecidos estão pessoas “ligadas ao Governo”, mas não outros autarcas. Acrescentou que esses arguidos já saberão que são suspeitos no processo.
O advogado disse ainda que a investigação do processo Ab Initio começou na Madeira “e depois é que transitou para Lisboa, para o DIAP de Lisboa”, e rejeitou “teorias da conspiração contra a Madeira”.
“Não creio que se possa formular teorias da conspiração de que Lisboa quer fazer mal à Madeira ou coisa que o valha”, atirou, em resposta a uma pergunta sobre os casos que vêm sendo investigados a partir do Continente.
João Nabais confirmou também que o processo tem início com uma “denúncia anónima”. “A primeira folha do processo é uma denúncia anónima, é verdade”, referiu, acrescentando que das provas constam “interceções telefónicas, relatórios da polícia, elementos contabilísticos, etc.. O normal”.
Por outro lado, Nabais não confirmou que no cerne do caso estejam um milhão de euros. “Não faço ideia se são um milhão de euros. Eu diria que a esmagadora maioria dos grandes concursos que este processo tem são brindes, t-shirts, material de publicidade”, afirmou.