Um grupo de moradores protestou hoje junto a uma exploração pecuária de gado bovino, na Travessa Manuel Inácio da Gama, no sítio da Mãe de Deus, no Caniço, contra o "cheiro nauseabundo diário" que dizem ser libertado da exploração "há vários anos" e que impede que "centenas e centenas de moradores" da zona possam manter janelas abertas, crianças possam brincar no jardim da sua casa ou que roupa possa ser posta a enxugar no quintal sem ficar com o cheiro impregnado.
Fartos de que ninguém lhes resolva o problema, entraram num "ponto de rutura" e decidiram manifestar-se.
Vera Gomes, enfermeira que é porta-voz do grupo de moradores, disse ao JM que a população se queixa de um conjunto de sintomas como "dores de cabeça constantes, mal-estar, cansaço fácil e sonolência" que associam aos efeitos dos "gases tóxicos emanados da exploração". Suspeitam ainda que os solos não estejam impermeabilizados e que as substâncias libertadas possam estar a contaminar os "solos, a ribeira e as águas".
"Há muitos anos que temos feito dezenas de queixas, quer para a Câmara Municipal de Santa Cruz, quer para o Governo Regional, e nunca foram atendidas, sendo completamente ignoradas", lamenta.
"Na semana passada, reunimo-nos com [os responsáveis da] Câmara [de Santa Cruz], mas eles atiram sempre a batata quente para o outro lado, dizendo que a responsabilidade é do Governo Regional e não deles, porque foi quem licenciou a obra, mas também se descartam da responsabilidade deles na parte da localização, uma vez que foram eles que autorizaram que a exploração fosse colocada aqui", disse Vera Gomes, acreditando que a exploração está num sítio "ilegal" e que deve ser transferida para outra zona, como, por exemplo, o Santo da Serra.
Alberto Pita