Israel vai enviar a Doha uma equipa de negociadores, incluindo os chefes dos serviços secretos e da segurança interna, para discutir um cessar-fogo em Gaza, numa reunião convocada para quinta-feira pelos mediadores internacionais, marcada pela ausência do Hamas.
O primeiro-ministro israelita, Benjamin Netanyahu, “aprovou a partida da delegação israelita amanhã [quinta-feira]”, anunciou o seu gabinete após uma reunião com os negociadores.
A delegação israelita é chefiada pelo chefe dos serviços secretos estrangeiros de Israel (Mossad), David Barnea, pelo seu homólogo dos serviços internos (Shin Bet), Ronen Bar, e pelo major-general Nitzan Alon, que supervisiona as conversações em nome do exército, segundo o canal de notícias israelita 12.
O grupo viajará esta quinta-feira para o Qatar e manterá reuniões com os mediadores – Estados Unidos, Qatar e Egito - “durante vários dias”, anunciou a partir de Beirute o mediador norte-americano para o conflito Líbano-Israel, Amos Hochstein.
Em cima da mesa está um acordo que permitiria a troca dos 111 reféns israelitas ainda detidos em Gaza pela libertação de prisioneiros palestinianos em Israel, apesar de as partes estarem em confronto há meses sobre uma linha vermelha: o fim definitivo dos combates e a retirada das tropas israelitas do enclave.
O Hamas recusou participar nas negociações e propôs em contrapartida que os mediadores obriguem Israel a cumprir o que foi acordado em 02 de julho, numa referência a um projeto baseado em princípios estabelecidos em maio pelo Presidente dos EUA, Joe Biden.
A reunião de Doha ocorre numa altura em que as negociações estão mergulhadas na incerteza, após a morte do antigo líder político do Hamas, Ismail Haniyeh, num atentado em Teerão, cuja responsabilidade Israel não reivindicou nem negou.
Haniyeh, um apoiante das negociações, foi sucedido pelo líder do grupo em Gaza e autor dos ataques de 7 de outubro, Yahya Sinwar, cuja posição era mais beligerante do que a do falecido.
De acordo com um relatório publicado esta terça-feira pelo The Wall Street Journal, Sinwar disse aos mediadores árabes que o exército israelita tem de parar as suas atividades em Gaza - onde já foram mortas quase 40.000 pessoas desde outubro - para mostrar que está “seriamente empenhado em negociações”.
A comunidade internacional está a pressionar as partes para que cheguem a um acordo de cessar-fogo, com o objetivo também de diminuir as tensões no Médio Oriente, que após a morte de Haniyeh e o ataque israelita a Beirute que matou o “número dois” da milícia xiita Hezbollah, Fuad Shukr, fazem temer o início de um conflito regional.