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Nomeações de Trump revelam preocupação com lealdade pessoal - analistas

Data de publicação
14 Novembro 2024
16:51

As nomeações iniciais do Presidente eleito dos Estados Unidos, Donald Trump, para o seu novo Governo revelam preocupação com lealdade pessoal e sinalizam uma linha dura em várias áreas, concluem analistas ouvidos pela Lusa.

À medida que Trump anuncia a equipa para o seu próximo mandato, as escolhas do seu gabinete suscitam debates e preocupações significativas, em áreas sensíveis como a segurança nacional, defesa e política externa.

Analistas consultados pela agência Lusa salientam que as nomeações sugerem uma preferência pela lealdade pessoal e pelo alinhamento ideológico em detrimento das qualificações e experiência tradicionais.

Uma das nomeações mais controversas é a do deputado Matt Gaetz para procurador-geral.

Gaetz, um forte aliado de Trump, tem sido um crítico do Departamento de Justiça e do FBI, defendendo mesmo a sua abolição caso continuassem as investigações sobre Trump.

“Ao nível da perceção pública, a nomeação de Gaetz suscita preocupações sobre a imparcialidade e independência da principal agência de aplicação da lei do país. E isso terá repercussões para o próximo mandato de Trump”, defendeu Amy Lever, investigadora de Ciência Política da Universidade de Texas em Austin, em declarações à agência Lusa.

Para esta analista, as controvérsias em que Gaetz esteve envolvido, incluindo uma investigação federal sobre tráfico sexual (que foi concluída sem acusações) e uma investigação do Comité de Ética da Câmara, tornam ainda mais suspeita a sua nomeação para o cargo de procurador-geral.

Outra nomeação polémica é a de Tulsi Gabbard, ex-congressista democrata, escolhida como diretora de Inteligência Nacional, com a tarefa de coordenar as agências de informações e segurança.

“Em alguns pontos, as posições de política externa de Gabbard podem ser comparadas com as de líderes autoritários. Não podemos esquecer as suas críticas frequentes às intervenções dos EUA no estrangeiro”, disse à Lusa Rafael Masa, investigador de Segurança e Defesa do Hunter College, em Nova Iorque.

Masa defende que a nomeação de Gabbard reflete uma potencial mudança na abordagem da comunidade de informações militares face às ameaças e alianças globais.

Para secretário da Defesa, Trump nomeou Pete Hegseth, apresentador da Fox News e veterano do Exército.

Embora Hegseth tenha experiência militar, a sua falta de experiência de alto nível ou de funções governamentais levanta questões sobre a sua competência para gerir o vasto e complexo Departamento de Defesa.

A sua presença nos meios de comunicação social e as suas opiniões, por vezes radicais, sobre a cultura militar podem influenciar o seu estilo de liderança e as suas prioridades políticas, segundo Amy Lever.

Esta investigadora da Universidade do Texas, considera que a escolha de Hegseth não deve ser desligada da nomeação do senador Marco Rubio para a chefe da diplomacia dos Estados Unidos.

“Ambos representam uma nova forma de fazer política ao nível governamental, com posturas agressivas, sobre matérias internas e externas. Repare-se na forma como Rubio se refere à China ou ao movimento islamita Hamas, sem receio em os culpar sobre problemas que os norte-americanos têm dificuldade em compreender”, explica Lever.

Para Lever e Masa, um tema recorrente nestas nomeações é a preocupação com a lealdade a Trump.

Muitos dos nomeados demonstraram um apoio inabalável ao Presidente eleito, dando muitas vezes prioridade à lealdade pessoal em detrimento das qualificações tradicionais.

“O que muitos se interrogam é se esta lealdade é compatível com eficácia no desempenho dos cargos”, explica Rafael Masa.

Contudo, este investigador confia no papel do Senado para contrariar alguns excessos de Trump, lembrando que alguns senadores republicanos manifestaram reservas, especialmente em relação à nomeação de Gaetz.

A senadora Lisa Murkowski, do Alasca, já apareceu a denunciar que Gaetz pode não ser “um candidato sério”, lembrando os potenciais obstáculos que estas nomeações podem enfrentar num momento de validação.

A resposta pública e política a estas nomeações tem sido ambígua, dizem os analistas consultados pela Lusa.

“O núcleo de apoiantes do Presidente eleito argumenta que as escolhas são o resultado de uma nova forma de fazer política, refletindo a visão e políticas de Trump. Os críticos afirmam que preferir a lealdade em detrimento da competência pode criar problemas de governação e minar a confiança do público nas instituições”, explicou Lever.

As próximas semanas revelarão como esta dinâmica evoluirá, no momento em que o Senado iniciar audições de confirmação.

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