Um dos seis opositores asilados desde março na embaixada da Argentina em Caracas, Fernando Martínez Mottola, abandonou a representação diplomática e entregou-se voluntariamente às autoridades, confirmou hoje o Ministério Público (MP).
Em comunicado divulgado em Caracas, o Ministério Público informa que Martínez Mottola, parte “de um grupo de membros da organização extremista Vente Venezuela (partido político) que se encontram em prófugos”, apresentou-se quinta-feira na sede principal do MP na capital venezuelana.
O membro do partido opositor “foi presente ao Ministério Público e prestou declarações sobre os graves acontecimentos violentos, conspirativos e desestabilizadores organizados a partir da referida sede diplomática durante os últimos meses, na sequência da realização das eleições presidenciais de 28 de julho”.
“É importante salientar que Martínez Mottola decidiu colaborar ativamente com a justiça venezuelana, no âmbito do processo previsto no artigo 49º da Constituição da República”, sublinha.
Segundo a imprensa local, Martínez Mottola encontra-se atualmente na sua residência, sujeito a regime de apresentação periódica às autoridades.
Ex-ministro dos Transportes e Comunicações do falecido presidente Carlos Andrés Pérez, Martínez Mottola era assessor da aliança opositora Plataforma de Unidade Democrática e estava asilado na Embaixada da Argentina em Caracas desde 21 de março, quando as autoridades venezuelanas o acusaram de estar envolvido em alegados planos para provocar violência e impedir as eleições presidenciais.
Estão asilados na mesma embaixada Pedro Urruchurtu, Magalli Meda, Omar González, Claudia Macero, Humberto Villalobos todos membros do partido Vente Venezuela, liderado pela opositora Maria Corina Machado, que reclama a vitória do seu candidato nas eleições presidenciais.
Os seis opositores foram acusados pela Procuradoria-Geral da República de vários crimes, incluindo conspiração e traição.
A Embaixada da Argentina, segundo a imprensa local, está cercada por agentes de segurança venezuelanos, que teriam cortado a eletricidade e a água e a bloquear as comunicações.
Apesar de a Argentina ter aprovado os pedidos de asilo, a Venezuela não emitiu os salvo-condutos necessários para que possam abandonar o país.
O Brasil ocupa-se desde agosto da guarda das sedes diplomáticas da Argentina e do Peru na Venezuela, para além da representação dos seus interesses e representa também os cidadãos destes dois países, depois da expulsão dos membros de ambas as delegações por não aceitarem a vitória de Nicolás Maduro nas eleições presidenciais de 28 de julho deste ano.