A Federação dos Sindicatos dos Transportes e Comunicações (Fectrans) defendeu hoje a necessidade de conciliar o direito dos utentes ao transporte com a salvaguarda dos trabalhadores dos transportes rodoviários, na sequência de ataques a autocarros na zona de Lisboa.
A Fectrans/STRUP participou, na sexta-feira, numa reunião com a Área Metropolitana de Lisboa (AML) e um representante da PSP para abordar a “defesa dos trabalhadores no quadro dos acontecimentos anómalos” dos últimos dias, com ataques a autocarros, que inclusive provocaram ferimentos graves num motorista.
Numa nota enviada à Lusa, Anabela Carvalheira, dirigente do Sindicato dos Trabalhadores de Transportes Rodoviários e Urbanos de Portugal (STRUP), que faz parte da Fectrans, indicou que o sindicato defendeu ser necessário “conciliar o direito ao transporte dos utentes com a salvaguarda e defesa dos trabalhadores e é neste quadro que se têm que encontrar as soluções, que se possam enquadrar na resolução dos problemas existentes”.
“Da parte da AML e da PSP foram dadas informações sobre as medidas mais visíveis e as mais discretas para irem ao encontro das preocupações que colocámos e defenderam que a solução não passa por medidas avulsas das administrações de empresas de supressão de serviços, porque em vez de uma solução pode contribuir para acentuar os problemas”, afirmou.
O sindicato defendeu ainda a necessidade de medidas para os diversos modos de transportes que operam na região de Lisboa.
“Por último, transmitimos aos trabalhadores para que, no desempenho das suas funções, acautelem a sua integridade física e [que] perante uma situação anómala devem tomar as medidas da sua defesa e dos utentes, e relatar a quem de direitos as ocorrências”, sublinhou.
O STRUP manifestou também solidariedade para com o motorista que está hospitalizado na sequência de um ataque a um autocarro, e defendeu que as situações que envolvam trabalhadores vítimas deste tipo de incidentes devem ter a caracterização de acidente de trabalho.
Os distúrbios verificados esta semana na Área Metropolitana de Lisboa ocorreram depois da morte de Odair Moniz, cidadão cabo-verdiano de 43 anos e morador no Bairro do Zambujal, na Amadora, que foi baleado por um agente da PSP na madrugada de segunda-feira, no Bairro da Cova da Moura, no mesmo concelho, e morreu pouco depois, no Hospital São Francisco Xavier, em Lisboa.
Entre os distúrbios, foram causados danos em cinco autocarros e um motorista da Carris Metropolitana sofreu queimaduras graves. Segundo informação da empresa na quinta-feira, o homem estava fora de perigo de vida, apesar da gravidade dos ferimentos.