A República da Turquia provem da primavera de 1920, quando Mustafa Kemal com um grupo de oficiais otomanos, que na sua juventude tinham sido membros de um partido progressista dos "Jovens Turcos," não quiseram aceitar um armistício que os humilhava. O sultão tinha cedido aos poderosos da "Intesa de Mudros" esperando receber alguns benefícios.
Em 1920, o governo firmou o Tratado de Sèvres que desmembrava o grande império otomano, quando já se encontrava com graves dificuldades, em regiões turcas e não turcas. A Anatolia ocidental era formada de zonas gregas com Esmirna e Edirne, a
Itália ocupava a cidade de Atalia e a França a Cilícia. Os estreitos marítimos estavam sob controlo internacional. Estes países tinham enviado alguns militares para as zonas que ocupavam. A Grécia, que desde longa data, detinha grandes zonas avançou com a petição de receber maiores espaços, os outos julgaram que era demasiado.
Ela queria reunir os gregos numa única pátria, incluindo as ilhas do Mediterrâneo até ao Mar Negro. Os Turcos acharam que tudo isso era inaceitável, mas o sultão estava de acordo, esperava reaver dos ingleses o controlo de Istanbul e de uma parte da Anatólia. Para restabelecer a ordem foi enviado em missão governamental, o general Mustafa Kemal, conhecido como comandante invencível. A batalha transformou-se numa guerra de trincheiras entre as mais cruentas da primeira guerra mundial. Das forças inglesas, francesas e otomanas, empenhadas nos combates, morreram 75.000 soldados. No fim, o general Kemal tornou-se um herói nacional, continuou a guerra sanguinosa durante dois anos, afastou as tropas estrangeiras da Anatólia e começou um processo da criação da República turca.
Afastou os gregos de Esmirna, os italianos abandonaram a região da Antalia e, os franceses, fizeram o mesmo na Cilícia. Em 1922 reuniu uma grande assembleia nacional que proclamou a decadência do sultanato, sendo o último sultão otomano Mehered VI que se refugiou numa nave inglesa de guerra, foi deposto e proclamou novo califa seu primo. O Tratado de Losanna de 24 de outubro de 1923, reconheceu no campo internacional a nova república da Turquia. Este Tratado pôs fim à guerra declarada em 1914 no Médio Oriente. No Tratado não se tratou das questões da Arménia, e da Sociedade das Nações, revelou os fatos negativos das populações forçadas e a violação dos direitos humanos principalmente dos gregos, que tiveram de abandonar as suas casas.
Mustafá Kemal foi também um hábil chefe de Estado, e um convicto ocidentalista, terminando com as vestes otomanas nos homens como nas mulheres, procurando imitar os europeus. Ainda me recordo que, na primeira viagem na Turquia, com a Ècole Biblique, os padres não podiam levar nenhum sinal religioso. Quando o futuro Papa João XXIII esteve como Delegado Apostólico na Turquia, não usava batina, mas fato escuro, com uma borboleta na camisa, evitando a gravata. Notei também a grande popularidade e simpatia do povo por Kemal, considerado o Pai da Pátria, que transferiu a capital do novo Estado de Istanbul para Ankara. A Constituição Turca não faz referência a alguma religião de Estado, única no médio Oriente. A religião para ele, é relegada para um espaço privado, segundo o modelo francês, adotou o alfabeto latino e o calendário ocidental, proibiu o véu das mulheres em público, introduziu o voto feminino nas eleições. Nos momentos celebrativos não aparecia como um general a cavalo, mas como um professor que ensina as crianças a ler e escrever, e as mulheres a votarem. O título de Pai da Pátria, Ataturk, foi-lhe conferido oficialmente pelo Parlamento em 1935. Nos últimos anos de governo encontrou vários opositores, os islâmicos mais observantes não lhe perdoaram ter anulado o califado e recebido as leis de marca ocidental, contrárias ao Islão.
Em1950, o Partido Democrático, saudoso do tempo do islamismo, como inspiração política, ganhou as eleições. A República turca quer festejar os 100 anos da sua história, tem um chefe, Erdogan, que é o líder do partido filo- islâmico "Justiça e Desenvolvimento", foi recentemente confirmado pela terceira vez na Presidência da República, com 52% dos votos. Após as eleições do 14 de maio de 2023, não pode ignorar que, quase a metade dos eleitores turcos, não convide o seu projeto político. Pessoalmente, a Turquia, a antiga Ásia Menor, é um dos lugares mais belos que visitei várias vezes, onde se encontram mais sinais das igrejas do Apocalipse, de homens sábios na teologia e na santidade e, para mim, e muitos outros, tem o mais belo monumento da arquitetura cristã, de todos os tempos, a catedral dos ortodoxos,
a Aghia Sophia de Constantinopla do imperador Justiniano, que Erdogan transformou em mesquita.