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Artigo de Opinião

Bispo Emérito do Funchal

17/12/2023 03:00

Os arqueólogos israelitas escavaram um santuário mariano, no antigo caminho que, partindo de Jerusalém, se dirigia para Belém. Este santuário foi erigido no século V e destruído no século VIII, sob a dominação islâmica, depois foi coberto com terra e esquecido.

Em novembro de 1997 os meios de comunicação pulicaram a notícia do encontro da igreja do Katisma, palavra grega que significa assento ou lugar de repouso, onde, segundo uma tradição local, a Virgem Maria, acompanhada por São José, seu esposo, haviam descansado antes de chegarem a Belém, para cumprir as formalidades do recenseamento. Esta tradição é baseada no Proto Evangelho de São Tiago, livro apócrifo escrito no século II.

A igreja do Katisma era uma das mais importantes das peregrinações à Terra Santa. Tinha uma forma octogonal, e, no centro, a rocha venerada pelos fiéis, de dois a quatro metros, ligeiramente alçada sobre o pavimento da igreja ornada com mosaicos no pavimento, junto a um mosteiro. Todo o conjunto religioso e eclesiástico ocupava 2000 metros quadrados.

A igreja foi provavelmente erigida pela rica senhora “Icelia” na estrada de Belém”, em honra da Santíssima Virgem, a Theotókos (Mãe de Deus), segundo o que escreveu Cirilo de Escitópolis, sendo um dos primeiros santuários dedicados à Virgem Maria, situado no meio de um olival da propriedade do Patriarcado grego ortodoxo de Jerusalém, a umas centenas de metros ao norte do mosteiro de Santo Elias.

O Patriarca Diodoros I, informado da descoberta, encontrou-se com o Metropolita Timóteo e um sacerdote, gravou a cruz sobre a rocha venerada e felicitou os arqueólogos israelitas. A descoberta não foi de todo por acaso. Por meio de referências de peregrinos e, também da tradição, conhecia-se a igreja do Katisma na estrada que conduz a Belém. Na realidade, o lugar era conhecido pelos árabes com o nome de katismu, correção do grego katisma.

O diácono Teodósio, que visitou a igreja em 530, já havia falado deste facto.

Esta legenda repousa sobre uma base muito verosímil. Já o peregrino de Piacenza, no ano de 570, falou de uma igreja edificada em honra da Virgem Santa Maria.

Era conveniente, que no Ano Santo de 2000, este lugar estivesse preparado para receber peregrinos, assim se dizia nos meios eclesiásticos orientais, para que fosse preparado para receber peregrinos.

Para que isto seja possível, era preciso que uma nova estrada ou um braço da antiga fosse preparada para facilitar a visita dos peregrinos que se dirigiam para Belém.

Neste momento, os arqueólogos cobriram com terra a rocha e os mosaicos, esperando e confiando, que os devotos da Théotokos obtenham fundos monetários para o restauro do antigo Santuário.

Não muito longe deste antigo monumento encontra-se um outro que recorda a túmulo da matriarca Raquel, que morreu ao dar á luz o seu filho Benjamim.

São Mateus (2,13-18) ao narrar a fuga de São José com Maria e Jesus para o Egito, para evitar o massacre dos inocentes, escreve: “Então cumpriu-se o que fora dito pelo profeta Jeremias: Ouviu-se uma voz em Ramá, choro e grande lamentação: Raquel chora seus filhos e não quer consolação, porque eles já não existem”. Este antiquíssimo monumento ainda hoje é visitado por peregrinos, mas, principalmente, pelas mães judias que pedem por seus filhos que, nas guerras, podem perder a vida.

Diversas são as narrações bíblicas que nestas zonas junto a Belém evocam, tanto o Antigo como o Novo Testamento. Em relação com o tirano e assassino Herodes o Grande, uma elevada colina recorda o lugar onde o assassino foi sepultado, o atual Herodion.

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