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Artigo de Opinião

Deputada do PSD/M na ALRAM

3/03/2021 08:01

Apenas 16 dias depois, era decretado o estado de emergência pela primeira vez na história da democracia portuguesa, com 642 casos confirmados e três mortes. Um ano depois, já se contabilizam mais de 800 mil casos e lamenta-se a perda de mais de 16 mil vidas. Por outro lado, são já mais de 720 mil pessoas que recuperaram da doença, e a vacinação segue o seu ritmo, com cerca de 245 mil pessoas imunizadas até o dia de ontem; o caminho tem sido duro, árduo, cansativo, e de forma geral, andamos todos, à beira de um ataque de nervos sempre que os noticiários anunciam os números diários a Covid-19.

Mas no meio de tudo isto, há consequências naturais e evidentes que saltam à vista de todos, e na linha da frente, lá está o cansaço dos profissionais de saúde, muitos deles à beira de burnout; cuidar não é fácil e nas actuais circunstâncias torna-se ainda mais difícil; os doentes estão mais ansiosos, com medo, e os profissionais, que também são humanos, não se sentem muito diferentes. Arrisco-me a dizer que foi necessária uma pandemia para valorizarmos verdadeiramente os profissionais de saúde, uma vez que muitos deles passavam quase despercebidos aos olhos de muitos cidadãos, que só sabiam o nome do enfermeiro, do médico, do assistente operacional, do farmacêutico ou do administrativo em casos excepcionais; agora, andam muitos a nomear os profissionais de saúde de "heróis", a bater palmas na varanda, a pintar paredes, quando aquilo que se deveria ter feito era um real e um verdadeiro investimento no Serviço Nacional de Saúde... e isso, doa a quem doer, e a bem da verdade, não foi feito.

A Saúde deve ser o bem maior das populações; se estivermos com saúde, temos energia para trabalhar, temos força para lutar pela melhoria das nossas condições de vida, temos capacidade para cuidar da nossa família, e podemos ser cidadãos activos e participativos; sem saúde, não temos nada, essa é que é a verdade.

A crise social e económica que estamos a vivenciar tem uma origem comum: uma crise de saúde pública sem precedentes na nossa memória colectiva!

Se pensarmos um pouco, de facto é muito difícil trabalhar nas actuais circunstâncias, em qualquer sector; andamos todos a olhar para o céu a ver se tudo isto é um pesadelo colectivo, do qual todos queremos acordar. Não me esqueço do olhar da minha filha mais nova, que no Natal, olhou para mim e disse que tinha pedido ao Pai Natal para acabar com o coronavírus, porque um Natal sem abraços e beijos não era um verdadeiro Natal... e a verdade é que fiquei a olhar para ela, uma criança de sete anos, sem capacidade de resposta. E como eu, muitos pais e mães devem ter tido um episódio semelhante, que guardam na sua memória.

Na segunda-feira, dei por mim a fazer uma reflexão pessoal enquanto ouvia as palavras do Cardeal José Tolentino Mendonça, no seu discurso na cerimónia de atribuição do prémio da Universidade Coimbra, em que dizia o seguinte "A normalidade pela qual tanto ansiamos, não é um lugar já conhecido a que se volta, mas uma construção nova onde todos temos que nos empenhar" porque, segundo ele "a pandemia empurra-nos para o futuro". E a verdade, e continuando a utilizar as palavras de um homem que para mim é mais do que um sacerdote, é um verdadeiro farol em matéria de reflexão social e humana, é que esta pandemia trouxe ao mundo o melhor e o pior de muitos; ela veio tornar mais relevante a necessidade das sociedades se centrarem em torno da ideia do bem comum, em torno da arte de cuidar.

Bem haja a todos os que dedicam a sua vida a cuidar!

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