Defensor exímio da justiça social, afirmava à época, que Portugal precisava de introduzir profundas reformas estruturais, que alterassem os mecanismos do poder com vista à dinamização da atividade económica e social; pasme-se, como quarenta anos depois, Sá Carneiro continua a ter toda a razão! As profundas reformas estruturais continuam por se fazer em Portugal, e sob a égide socialista caminharmos para um autêntico pântano social e económico.
Os reflexos da ideologia de Sá Carneiro continuam bem patentes nos dias de hoje, a começar pelo símbolo do PSD: as três setas. Elas correspondem às linhas fundamentais da génese do partido e representam os valores fundamentais da social-democracia: a liberdade, a igualdade e a solidariedade. Estas setas mostram que a democracia só existirá verdadeiramente se for simultaneamente política, económica e social.
Por outro lado, as cores simbolizam movimentos e correntes de pensamento que contribuíram para a síntese ideológica e de ação da Social-Democracia: a negra, recorda os movimentos libertários do século passado, a vermelha, lembra as lutas das classes trabalhadoras e dos seus movimentos de massa, e a branca, aponta para os valores do homem da Europa consubstanciada no Personalismo. Em resumo, o símbolo do PSD expressa bem a vontade irreversível de ascensão, de caminhada para um futuro diferente, para a construção de uma sociedade nova, na Justiça e na Liberdade.
Foram várias as vezes no decorrer da sua ação política, que Sá Carneiro defendeu que não bastam reformas de repartição ou redistribuição de riqueza, sobretudo pela utilização da carga fiscal; era sua crença e convicção que era imperativo construir não apenas uma simples democracia formal, burguesa, mas sim, uma autêntica democracia política, económica, social e cultural.
O PSD sempre se afirmou como um Partido de bases ativas e de militantes. Os dirigentes locais do PSD asseguram a primeira linha do combate político, a defesa dos seus princípios e a defesa dos anseios das populações dos respetivos Concelhos, Distritos e Regiões Autónomas. Sempre foi um Partido que se empenhou na Autonomia Administrativa dos Açores e da Madeira; aliás, desde a sua fundação, sempre se assumiu como o Partido da Autonomia.
E é com esta base histórica que as estruturas do PSD nos Açores e na Madeira dispõem de autonomia, num modelo de solidariedade recíproca bem-sucedida, que tem potenciado a sua implantação e a sua adequação à realidade insular.
Na atual legislatura, que se iniciou no passado dia 11 de outubro, há um cenário político como nunca se tinha visto na Madeira, mas cada vez mais comum pela Europa: um parlamento com 9 forças políticas, uma maioria de governo assente numa coligação e uma maioria parlamentar com base num acordo com 3 partidos, assente no trabalho constante e diálogo permanente. É sem sombra de dúvida um desafio, mas é também a prova que o PSD sabe se adaptar aos novos tempos e que sabe trabalhar em várias frentes, sempre em prol da população.
Este novo cenário parlamentar e governativo traz consigo reptos e alertas que nos devem fazer refletir sobre o atual estado da nossa sociedade e da maturidade da nossa democracia. A autonomia e a liberdade são conquistas com quase meio século de vida em Portugal, e não podemos, em momento algum, desperdiçar o legado das gerações que nos antecederam, sob pena de comprometermos o futuro das novas gerações, pois tal como dizia Sá Carneiro "diálogo, abertura e consenso são indispensáveis em democracia, dentro e fora do nosso Partido, mas implicam respeito pelas liberdades das pessoas, pela sua dignidade; implicam franqueza, crítica e frontalidade de posições."