O desafio de hoje é analisarmos a nossa vida como se vivêssemos num Zoo. Qual é a nossa jaula? O local onde dormimos, onde comemos, onde trabalhamos... A nossa jaula são as nossas rotinas. Os visitantes, são os turistas que vêm até à nossa terra, para nos ver nas nossas rotinas, para beberem da nossa água, para apreciarem o que a nossa vida e a nossa terra têm de bom. Funciona como uma espécie de teatro imersivo. Já experimentaram? É uma forma de teatro sem palco, em que os espectadores perseguem os atores por diversos cenários. O único que fui até hoje, os espectadores empurravam-se, colavam-se aos atores, impediam a sua passagem, respiravam por cima do seu ombro. É mais ou menos isto que os turistas fazem. Estudantes de Coimbra disseram que os turistas vão aos eventos dos estudantes. Conseguem bilhetes e ocupam os lugares da serenata e os estudantes, de quem é e para quem é a serenata, não têm lugar. De igual forma, os turistas visitam a Madeira e ocupam os lugares de quem vive, e quem vive deixa de ter lugar.
Atualmente somos meros estorvos e servos dos turistas que inundam a Madeira e que inundam qualquer terra deste planeta que tenha aparecido nas redes sociais. Países como o Botão, defendem-se de formas elegantes, limitando o turismo de massas no seu país. E por cá, o que fazemos nós?
Para servir as massas, queremos muitos trabalhadores. Para isso, não interessa a formação, mas apenas a presença. A qualidade do serviço diminui, quem paga, não aceita pagar tanto. Baixam-se os preços para atrair clientes, paga-se menos aos trabalhadores, aqueles com qualidade fogem e os que ficam sabem menos. E a roda gira e gira, aumentando a miséria de quem trabalha, enchendo os bolsos de quem manda e quando quem vier, trouxer tenda e comida, não há dinheiro para os bolsos de ninguém.
No desequilíbrio social, a diminuição da classe média é um perigo, a meu ver.
Utilizando o princípio budista do caminho do meio, o ideal não seria existir só a classe média? Conseguirmos que os que têm menos, tenham qualidade de vida e os que têm mais, não suguem todos os outros, mas contribuam para todos?
A pobreza é um grande fogo de sofrimento, que aumenta muitas doenças e diminui a hipótese de as pessoas recuperarem das suas doenças. A droga circula como um anestesiante do sofrimento, bem como os sedativos. Por vários motivos, mas também pela pobreza, Portugal, na cauda da Europa, é um dos países com mais depressão, ansiedade e mais prescrição de ansiolíticos. O sofrimento social causa doença mental e a cura para a falta de condições de vida e possibilidades, não é a medicação. A medicação ajuda a diminuir o sofrimento e assim, à resignação da sua condição. Se calhar este é o segredo para não existirem revoltas no nosso país, nem mudanças políticas. Entre o álcool, as drogas e os ansiolíticos, como país, resignamo-nos à nossa condição fatalística da cauda da Europa. É curioso como, com tanto talento e originalidade no povo português, somos melhores para fora, somos melhores quando vivemos fora e mantemos o país como sempre esteve. Estagnado o suficiente para não sair da cauda da Europa. O fogo do sofrimento da pobreza, se não for tratado, consumirá toda a sociedade através de revoltas e violência, como se pode reler na História.
Aconselhe-se sempre com o seu médico sobre a sua medicação e não deixe de tomar sem o consultar. A medicação salva vidas.