O mundo continua a ser matraqueado geopoliticamente por turnos e mudanças, com novas divisões impactantes e ramificações entre leste e oeste, e África evidencia-se notoriamente aquietada, excetuando a África Sul, uma vez que o governo decidiu em tomar posições, julgando a África ser já um bloco poderoso por si mesma, mas não, não é, uma vez que se mantém de braços cruzados a aguardar a aproximação cada vez maior de um futuro sombrio.
A voz da África do Sul foi ouvida, fez eco, foi o primeiro Estado a solicitar ao Tribunal Penal Internacional que investigue se Israel cometeu crimes de guerra ou de genocídio, assim como a suspensão da campanha militar israelita, num processo liderado por Ronald Lamola, Ministro da Justiça, o qual afirma a determinação do seu país em ver o fim do genocídio que de momento se verifica em Gaza.
Tudo muito bem, tudo muito certo. Uns apoiaram, outros não, e houve quem classificasse ser um caso sem mérito que será defendido por Israel. O que é lastimável, é a apetência do Governo em tomar partidos e instâncias em favor da paz noutros locais. Seria preferível, muito positivo para a África do Sul e países limítrofes, encorajar os dois lados em conflito na resolução das suas diferenças, ao invés de tomadas de posição inócuas, isso sim, e melhor ainda resolver o que está mal e também o que está muito mal aqui em casa, onde, ironicamente, se vão desenrolando situações perigosas como é sentimento de uma grande maioria dos sul africanos e residentes no país, nomeadamente, a comunidade lusa que em cada vinte quatro horas constata a interrupção de 76 vidas pelos agentes da violência criminal e também constatada pela intocável e criminosa elite que se mantém serena.
Sempre foram e continuam a ser contraproducentes as políticas de deflexão, pois, as mesmas são nocivas e propulsivas de desastres. Convenhamos que a Rússia goza do apoio do governo sul africano naquilo que é definido como Operação Especial Militar que não só ameaçou o Reino Unido e a Europa, mas havia planeado ir para um confronto militar com o Japão em 2021, nos meses que antecederam a invasão da Ucrânia. A amofinação contra a nação nipónica, grande investidora na África do Sul, é direcionada ao arquipélago das Ilhas Kuril que a Rússia alegadamente mantém serem sua pertença, mas, felizmente, para o Japão, a Rússia decidiu colocar os seus olhares imperialistas algures.
Ninguém pode ficar pode ficar indiferente aos eventos chocantes da tragédia que se desenrola no Médio Oriente, ignizados pelo Hamas a sete de outubro do ano passado. Mas, na África do Sul, experimentamos aquilo que me parece um orquestrado genocídio de baixa intensidade, porém, ninguém parece ficar preocupado ou chocado com o número inaceitável de assassinatos deliberados e seletivos ou outros crimes violentos que temos de aceitar como normal e forçados a coabitar com homicidas, ladrões, estupradores, femicidas, parricidas, pederastas e algo mais o que não augura bem por se tornar uma situação, como referi normal, e continua a acontecer num ano de eleições em que os políticos também acham que tudo isto é normal, falam e prometem tudo menos abordar a situação de segurança.
Acusam Israel na luta contra o grupo terrorista do Hamas, mas em casa, a situação é caótica e de absoluta falta de segurança e poder verificar o governo a apoiar um lado apenas de um conflito tão grave, aumentou a desconfiança já existente e o fosso entre o leste e oeste não realizando nem prevendo que estas posições e eventos podem mergulhar o país ou mesmo todo o continente, aprofundando a miséria e a nítida falta de segurança existentes que se tornam sufocantes.