Tenho o hábito de adormecer com a televisão ligada. Não é de agora! Sempre gostei daquele ruído de fundo que abafava o barulho dos vizinhos. Hoje não é diferente. É raro o dia que acordo e a tv está desligada. Porém, um dia destes a minha mulher reclamou. Diz ela que acordou com uns gemidos estranhos. Olhou para mim e percebeu que não era eu. Levantou a cabeça e reparou que, naquela hora, passava um filme para adultos.... Aborrecida e ensonada, pegou no comando e carregou no off! No dia seguinte, mal o despertador tocou e se levantou, avisou-me: “ao menos, vê em que canal deixas esta porcaria ligada”. Na hora não entendi... Juro que não tinha ido dormir a ver conteúdo obsceno. Mas, marido que é marido e quer paz, prometi que teria mais atenção. Mesmo não fazendo ideia de que canal teria sido!
Talvez por castigo divino, de quarta para quinta, acordei eu! A primeira coisa que fiz foi olhar para a tv a ver se corria o risco de levar novo raspanete. Desta feita, as tipas estavam vestidas. Não gemiam, mas lamentavam-se.... Olhei melhor e afinal não eram duas mulheres. Era uma e meia! Neste caso, o Castelo Branco e a Betty. A última, com corpo de uva passada e cara de recém-nascida, tinha acusado a primeira de violência doméstica. Quem diria?
Esfreguei os olhos e certifiquei-me de que não estava a sonhar, apesar de serem 5 e meia da manhã. E não é que era mesmo? Ao contrário daqueles programas do “quem quer casar com um agricultor?”, transmitiam, quase em direto, um “quem se quer separar de um impostor?”. Juro. A joalheira aposentada queria ver-se livre do negociador de arte. Como sempre, assim que se tornam públicos os “desentendimentos” dos casais, e ao contrário dos assassinatos em que todos juram nada ter feito prever tal desfecho, já todo o mundo adivinhava o fim... “Ele era controlador”, “fazia dela um boneco” ou “obrigava-a a submeter-se cirúrgicas plásticas”, foram algumas das reações. De facto, o acontecimento era chocante, mas não surpreendente.
É que, para aqueles que dizem, incluindo eu, que o Zé não é do género masculino, ele mostrou que é mais macho que muito homem. Ah, pois, é! Quantos de nós nos podemos gabar de ter andado tantas vezes à pancada? Ele já acertou o passo a um empreiteiro. Já chegou a roupa ao pêlo a um relações-públicas de uma discoteca. Pior, já esteve envolvido num polémico vídeo sexual com um casal. Foi também denunciado por estar a roubar um perfume de uma loja num aeroporto. E, não há muito tempo, voltou a envolver-se em desacatos num restaurante... E o Zé é que é bicha?! Não. Nós é que somos uns meninos...
Nisso e a desviar! Pelo menos foi essa a impressão com que fiquei sobre as notícias do caso de fraude nos reembolsos do subsídio de mobilidade. Nos Açores, “roubaram” 3,5 milhões de euros. Na Madeira foi “só” meio milhão! Ainda assim, foi preciso vir mais um avião da força aérea com 60 agentes da PJ do continente. Das duas uma: ou o destino Madeira está mesmo na moda e toda a gente quer vir, ainda que em trabalho. Ou então a Judite, ainda que o seu diretor nacional adjunto afirme que a investigação foi iniciada pelo efectivo local, não confia nos inspetores da ilha. Eu cá confio! Menos num, vá. Mas nos outros é de olhos fechados.
Realizadas as buscas, reunidas as “provas” e detidos os suspeitos, previa-se que, à semelhança de operação anterior, fossem levados para o continente. Só que não! Logo os que eram “passageiros frequentes”, foram os que ficaram em terra. Menos umas milhas, paciência. Aproveitem agora o tempo livre para marcarem novas viagens, mas assim com muito tempo de antecedência. Uns anitos, vá. Dizem que se conseguem melhores preços!
Ps, esta semana li que Paulo Cafôfo defendia que “só há duas hipóteses: votar PSD ou PS”. Se é verdade que essa é a sua opinião, não é mentira também que é muito discutível. Indiscutível é o que disse depois: “ou votam na continuidade em Albuquerque ou num virar de página”. Correto. Temo é que, consigo, já estejamos na contracapa...