Goste-se ou não, as casas de colmo, são umas das maiores imagens de marca da Madeira, e como tal, a sua preservação deve ser uma prioridade.
Mas falar em preservação, vai muito além de programas de apoio financeiro à colmatação das casas, e deve passar primeiro que tudo pelo reconhecimento e pela valorização; as casas de colmo, sejam as de Santana ou as de São Jorge, merecem ser devidamente certificadas antes que tudo, como património regional, de construção sui generis, continuando a fazer parte da história viva do nosso arquipélago, da capacidade de adaptação, invenção e resistência do povo santanense.
O colmo, seja de trigo, de centeio ou de outra variedade, é um dos materiais mais antigos utilizados na cobertura de habitações em todo o mundo. No concelho de Santana, apesar de se ter iniciado a utilização dos telhados em alvenaria, as coberturas a colmo foram, até há cerca de 60 anos, a opção preterida da população, sobretudo daqueles com fracos recursos económicos. Para além do colmo, eram utilizados outros materiais naturais: o vime, as varas e a madeira, por serem de fácil aquisição. No início, a madeira era utilizada para toda a estrutura da casa de colmo, desde a armação ao frontal. De forma gradual, os frontais começaram a ser construídos com materiais mais resistentes como os blocos revestidos a cimento, mantendo-se a madeira para a armação.
As casas de colmo tinham em tempos várias vantagens: eram de construção leve e de rápida execução, tinham uma excelente ventilação sendo frescas no verão e acolhedoras no inverno e os materiais de construção eram de fácil aquisição. Não nos esqueçamos que a cultura dos cereais, introduzida em meados do século XV aquando do povoamento do arquipélago, era a mais predominante, e o trigo, pela sua maior versatilidade, passou a ser a cultura mais produzida.
Segundo um levantamento efetuado pela Câmara Municipal de Santana em 2014, existiam cerca de 52 casas típicas de Santana e pouco mais de uma dezena de casas típicas de São Jorge.
Atualmente, o tipo de construção mais usual em Santana é a casa de empena ou de meio fio, por ser a de mais fácil manutenção. Mas em tempos, vários foram os modelos de casas cobertas a colmo existentes. Já em São Jorge, as construções eram de quatro águas, e a parte inferior da construção era em pedra ou em madeira, consoante os recursos de cada proprietário.
Assim, não podemos afirmar que todas as casas de colmo têm a mesma dimensão, nem o mesmo aspeto. Existe um modelo, mas no que concerne a dimensão, cada proprietário construía a sua habitação consoante o terreno que possuísse e as suas necessidades.
O facto inegável, é que as casas de colmo, são fundamentais na promoção da Madeira no exterior, além de serem ex-libris da nossa história; merecem ser protegidas por todas as entidades, e merecem que os responsáveis políticos locais e regionais tenham a capacidade de dialogar e negociar os termos da preservação de uma das imagens da Madeira mais difundida pelo mundo!
Sejamos então capazes de proteger o nosso património e a nossa história, para regalo das gerações vindouras!