Se fosse o caso de termos tido bons governos socialistas, até seria normal e justo, perdíamos, mas por mérito do adversário e por evidentes melhorias no nosso país. Mas não se passou nada disso, ao invés, temos um país adiado, um país resignado, endividado e cada vez mais inapto. Mas mesmo com este cenário de fundo o PSD não se consegue apresentar perante os portugueses como alternativa, não consegue ser a diferença, antes pelo contrário, é a imagem da indiferença. Por vezes penso que este será a síndrome da empregada doméstica, pois o PSD sempre que governa, tem que por a casa em ordem depois do país bater no fundo. Mas este mesmo país, na primeira ocasião despede a coitada da empregada e contrata um anafado relações-públicas e lá vem de novo a festa e a bagunça lusa… muita luz, muita música, muitos foguetes e "summits" até o dinheiro se sumir. E a verdade é esta, quem no seu bom juízo vota na empregada, de chinelos e bata suada, um bocado ríspida e até maldisposta, quando pode votar no reluzente e simpático do António, de mocassins e calças de cabedal, apesar de ninguém perceber bem o que diz, toca uns discos modernos, e até tem (ou melhor, já teve) uns amigos estanhos que fumam umas coisas fixes…
A solução para o PSD nacional não será de todo enveredar por uma vida folgada à base de subsídios e alojada na segurança social, não podemos renegar o nosso passado e as nossas raízes, o espírito de missão e de responsabilidade tem que ser o mesmo, mas não nos podemos apresentar aos portugueses de chinelos. As eleições internas estão aí, o PSD nacional tem que se apresentar de forma assertiva, frontal e moderna. Não nos podemos apresentar como guardiões da moral de outrora, ninguém liga, os portugueses querem governantes, não querem beatos. O PSD e os seus novos líderes devem gerir melhor as suas energias, devem agir por antecipação e com inteligência. Perder tempo a afrontar o Chega é mesmo perder tempo e pior ainda, é perder votos. O adversário é o PS de António Costa, as linhas vermelhas deste não são as nossas, as nossas linhas vermelhas são os indicadores que nos põem na cauda da europa e os salários miseráveis dos trabalhadores portugueses.
Esta nova liderança terá uma grande responsabilidade, do seu desempenho vai depender o futuro do PSD. Foram anos de uma política desajeitada, provinciana e pouco ambiciosa, Rio estendeu uma autêntica passadeira vermelha a António Costa e a outros quejandos. Será preciso arregaçar as mangas, o legado do trabalho e da social-democracia estão presentes, mas se queremos ser a alternativa e a esperança teremos que tirar os chinelos e trocá-los por saltos altos. Aos portugueses, a empregada dos tempos da Troika tem que surgir agora como uma mulher de origens humildes, mas também inteligente, moderna e politicamente elegante. Está nas mãos dos militantes do PSD a escolha deste novo look para o partido, só assim se pode colocar no devido lugar o bonacheirão do António. É sabido que o género masculino não costuma levar grande jeito nem elegância para andar de saltos altos, mas entre os dois candidatos à liderança, pela combatividade e energia parece-me que o Luís Montenegro será o mais consistente e vai conseguir calçar os "stilettos" com a elegância e o equilíbrio necessários. O António que se cuide, vai ficar com os calos socialistas bem calcados…