Sim, eu sei que há alturas em que nos perguntamos quem somos e pomos em causa as direções dos caminhos que tomamos. Sei que há dias que são noites e nos doem por dentro, porque não encontramos o sentido do mal, nem as razões pelas quais o peito fica apertado.
Sei de lugares escuros onde nos perdemos por falta de luz e a esperança fica parada, com medo de avançar para o desconhecido. E de silêncios que calam palavras que deveríamos ter dito.
Sei de coisas. E de assuntos que queimam a alegria de viver. E de medos de futuro. Sei. Eu também sei. Mas sei de outras coisas. E de outros assuntos. E são eles que me fazem encontrar palavras como paz, como luz e como esperança. É a voz destas palavras que me move. E é por ela que (lhe) escrevo. Para lhe dizer que, mesmo sabendo de guerras, sei que a paz está ao alcance das nossas mãos; que, mesmo sabendo dos desertos, há um poço escondido (o Principezinho aprendeu a procurá-lo) debaixo das areias; que, mesmo sabendo das lágrimas, conhecemos sorrisos e abraços que fazem esquecer as solidões. Sei de Deus e isso me basta para não me obrigar a explicar o que não compreendo e para não me sentir sozinha nas noites dos dias em que não há sol.
Sim, eu sei que é muito fácil falar, sobretudo quando nunca se desceu ao fundo de nós e o abismo nunca se abriu aos nossos pés. Sei, sim. Mas sei também que se houver um sinal, talvez seja possível parar e retomar o fio da esperança no lugar exato onde a deixamos cair.
É por isso que, de vez em quando, trafico possibilidades. São coisas de ser feliz, mesmo quando tudo parece vazio. São coisas que ensinam a valorizar as coisas pequenas, a delicadeza dos gestos, a suavidade da brisa, os abraços. São assuntos que ajudam a não desistir e desencadeiam liturgias de recomeço.
Eu sei de coisas. E de possibilidades. Amanhã, o dia vai ser melhor. Eu sei.