Este ano, as duas pessoas que usaram da palavra nas cerimónias oficiais foram complementares em algumas ideias. Marcelo Rebelo de Sousa deixou uma mensagem de esperança e alertou para a necessidade de se aproveitar o momento que atravessamos para se construir um Portugal que renasça sem remendos e que aproveite com justiça e respeito o contributo das pessoas que vêm para o nosso país em busca de melhores condições. Apelou ao combate à xenofobia e à defesa dos valores da democracia. E lembrou-nos que o sucesso do nosso país só será possível com o envolvimento e o empenho de cada um ou de cada uma de nós. Carmo Caldeira afirmou que "o país não precisa de quem diga o que está errado, precisa de quem saiba o que está certo".
Parece-me que ambos acabaram por apelar a que mantenhamos uma atitude cidadã, que aproxime as pessoas de quem exerce os cargos políticos, através do envolvimento cívico em questões fulcrais para o desenvolvimento da Região e do País. Julgo que isso começa lentamente a acontecer, apesar de muita gente continuar a diabolizar a política, refugiando-se nas redes sociais para lançar campanhas e mentiras que podem abalar o sistema democrático. Nas celebrações deste 10 de junho ficou claro que a portugalidade está muito presente na Madeira, apesar da estratégia antiga, agressiva e constante do governo regional contra tudo o que vem do continente, como se só eles soubessem defender a autonomia e como se a gestão deste conceito só pudesse efetuar-se através de ataques e desconsiderações a pessoas e cargos políticos. Como se gerir a autonomia de outra forma só possa significar subserviência e rebaixamento, esquecendo-se o que vem no nosso Estatuto Político Administrativo "A autonomia da Região Autónoma da Madeira visa a participação democrática dos cidadãos, o desenvolvimento económico e social integrado do arquipélago e a promoção e defesa dos valores e interesses do seu povo, bem como o reforço da unidade nacional e dos laços de solidariedade entre todos os portugueses."
Reconhecer que não somos donos da verdade, apostar na identidade regional e na criação de laços entre a população e o seu património material e imaterial, defender sem complexos quem somos e para onde queremos ir, conhecer, refletir, agir de forma solidária, envolver-se em soluções e não em conflitos, ousando "fazer rumo ao impossível", como escreveu Agostinho da Silva, parecem-me bons pensamentos para este 10 de junho de 2021.
Gostei de celebrar o Dia de Portugal no Funchal! Viva o nosso País!
*Agostinho da Silva.