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Artigo de Opinião

Médico-Dentista

25/02/2024 06:00

Já começa a ser normal. No início foi estranho, confesso... Mas agora até consigo achar alguma piada. Isto começou tudo com o “se não alcançar maioria, demito-me. Não vou engolir sapos”. E se bem o disse, melhor o fez. Cumprindo a promessa de não ingerir anfíbios anuros, em especial da família dos bufonídeos, de pele rugosa e seca, que se reproduzem em meio aquático e têm na fase adulta hábitos terrestres, deglutiu (ou pensou estar a fazê-lo) antes uma espécie de mamífero carnívoro da família dos felídeos, vulgo onça. Assim mesmo. Juro. Qual animal político, qual quê? O número 1 do PSD, feitas as contas e assim que percebeu que precisava de mais um deputado para reinar, mastigou o ego bem mastigado e agarrou-se ao Pessoas-Animais-Natureza. Em menos de nada estava então “em condições de apresentar governo de maioria” e bater com a porta. Mas com ele lá dentro, claro...

Uns diziam que a relação não duraria os 4 anos. Eu achava que sim. Que apesar de não terem tido muito tempo para namorar e o casamento ter sido por convivência, a química, mais tarde ou mais cedo, ia aparecer. E caso não aparecesse, azar. Ninguém, no seu perfeito juízo, arriscaria o divórcio!

Mas isso pensava eu... E pelos vistos não podia estar mais enganado. É que, de repente e sem que algo o fizesse prever, a Mónica Freitas voltou a fazer das suas. Se, em tempos, já tinha apelado à masturbação e inclusive dado uma mãozinha a Albuquerque, convidava-o agora a puxar o lustro ao castiçal sozinho. Se não foi isso, pelo menos foi o que percebi quando a líder do Pan se mostrou “disponível para continuar a viabilizar o acordo de incidência parlamentar”, mas só “caso seja indigitado, e aceite, um novo titular para o cargo de Presidente do Governo Regional da Madeira”. Ou seja, mais ou menos um: obrigado Miguelito, mas o problema não sou eu. És tu! Adeus.

Não restavam então muitas opções ao sexagenário. A “pequena” tinha sido bem clara. Sendo assim, e de orgulho ferido, ao novel solteirão só restava deslocar-se ao Palácio de São Lourenço para comunicar a demissão e anunciar o “provável fim da vida política”. Uma vez que as separações não se consumam assim de um dia para outro e as pessoas têm sentimentos, a renúncia foi formalizada, porém “sem efeitos imediatos”. Não vou dizer que tenho um sexto sentido, que não tenho... Mas que percebo alguma coisa da p(h)oda, percebo. E garanto-vos que senti que o traído só estava a querer dar um tempo! Dito e feito. Enquanto arrumava os pertences e não arrumava, o tempo correu e segundo o próprio, houve uma “alteração de circunstâncias bastante evidente”. Mais. Este hiato temporal “foi uma pausa necessária para serenar os ânimos”. Na verdade, eu não acho, mas quem sou eu?!

Ainda não ouvido pelas autoridades, ficou “em funções até ser nomeado um sucessor”. “Tenho de assegurar a gestão corrente até à minha substituição”, disse. Só que qual não foi o meu espanto quando, poucos dias depois e todo confiançudo, anunciou que ele próprio seria, muito provavelmente, o seu substituto. “Quase de certeza serei candidato”, afirmou. E eu acrescento, único. Único candidato, senhor Presidente em gestão. Sim, porque mesmo com prazos suficientemente razoáveis para alguém se “chegar à frente” já ia ser difícil porque a democracia, para esses lados, parece estar um bocadinho musculada demais, mas então com os determinados por sua excelência é que não é expectável que apareça alguém, pois não? Ou seja. Na pior/melhor das hipóteses sairá Miguel e entrará Albuquerque.

Por fim lançou ainda um repto. “Eu dou a cara. Quem quiser dar a cara, dê agora”. Olhe senhor doutor. Peço desculpa. Por favor, não me leve a mal. Mas há dias um bom amigo dizia-me, em tom de conselho a uma conversa louca, “dá-lhes o orifício ao fundo das costas (para não dizer cu), mas não lhes dês ouvidos”. Se, naquele caso, eu percebi a mensagem e respondi que seguiria apenas em parte a sua recomendação, no seu já é diferente. Quer eu queira, quer não, vocês invadem-me sem dó nem piedade mês sim, mês sim senhor. Meses há em que até se servem mais do que uma vez. Fico que nem posso. Mas pronto. Fazer o quê?

Ah espere... Foi você que disse: “Quem escolhe e quem determina o meu futuro são os madeirenses e os portossantenses”, não foi? Oh meu amigo... A sua sorte é não ter oposição. Caso contrário eu acredito que, desta feita, ia ser a sua vez de ganhar um andar novo. E não, não era num desses condomínios de luxo com vista para o mar. Era mesmo daqueles que nem dão para se sentar...

Pedro Nunes escreve ao domingo, todas as semanas.

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