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Artigo de Opinião

Antropóloga / Investigadora

4/11/2024 06:00

Nunca tive uma opinião concreta sobre o sindicato ou ser ou não ser sindicalizada. Sempre ouvi colegas a comentarem que trabalhadores sindicalizados tinham mais regalias que aqueles que não eram. Por outro lado, ouvia rumores de que os sindicatos não serviam para nada. Mas nunca pensei muito no assunto... até recentemente.

No mês passado, assisti a um episódio que envolvia o sindicato. A Frente Comum abordava funcionários da administração pública, numa tentativa de angariar vários trabalhadores para uma manifestação nacional agendada para 25 outubro, em Lisboa - mais propriamente na Praça do Marquês de Pombal, seguindo depois para a Assembleia da República - com o objetivo de exigir aumentos dos salários e pensões, a valorização das carreiras dos funcionários públicos e o reforço dos serviços públicos.

Com o objetivo de interagirem com os trabalhadores, apelando a sua adesão a esta manifestação, a Frente Comum solicitou autorização aos responsáveis legais de determinadas empresas e instituições para entrar nos locais de trabalho, modo a obter esta interação. Qual foi o meu espanto em saber que esta autorização teria sido negada em algumas instituições. Falamos de empresas e instituições sérias, de nome e posição na nossa sociedade. Após alguma insistência por parte do Sindicato, lá a autorização foi cedida, mas com escolta de segurança. Pergunto: porquê esta atitude? Receio de estarem armados? Receio de infringem a lei de alguma forma? Receio de dizerem algo que não fosse permitido?

Isto só mostra a ignorância sobre os sindicatos e o seu trabalho.

Ao ouvir falar desta manifestação, resolvi inteirar-me mais sobre o sindicalismo português, as suas origens, o antes e após 25 de abril, as suas lutas e as suas conquistas. Na minha perspetiva, o sindicato é uma instituição que defende os direitos dos trabalhadores, condições apropriadas para exercer a profissão, defender os interesses dos seus filiados e muitas outras funções.

No entanto, a verdade é que face a este tipo de atitudes por parte de superiores hierárquicos, que os trabalhadores não se informam mais, que têm receio de se chegarem à frente, de reportar certas e determinadas situações, de exporem as suas ideias e convicções, de lutar pelos seus direitos... com medo de futuras represálias por parte da sua entidade patronal.

Atualmente, existe um grande desconhecimento sobre o sindicalismo e a sua função. Isto só significa que existe uma fraca democracia.

Sejamos francos: num país tão marcado por abusos de poder e retrações no trabalho, os estímulos empresariais requerem, antes de mais, uma estratégia de desenvolvimento que comece por oferecer garantias de segurança a quem produz, de defesa pelos seus direitos e que ofereça perspetivas de futuro.

Num cenário empresarial cada vez mais complexo e dinâmico, a relação entre empresas e sindicatos é imprescindível, desempenhando um papel crucial na construção de um ambiente de trabalho equilibrado e até produtivo.

A base de uma boa relação entre empresas e sindicatos é a comunicação aberta e transparente. Quando ambas as partes mantêm um diálogo constante, é mais fácil resolver conflitos, negociar acordos e implementar mudanças de forma eficaz. A comunicação transparente ajuda a construir confiança e a evitar mal-entendidos que podem levar a disputas desnecessárias. Empresas que reconhecem e valorizam esses esforços tendem a ter uma força de trabalho mais motivada. Investir no bem-estar dos funcionários não é apenas uma obrigação ética, mas também um dever.

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