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Artigo de Opinião

Cônsul Honorária de Cabo Verde na Madeira

22/04/2024 08:00

Numa atmosfera de celebração e partilha, o Festival Cultural “Raízes e Ritmos” emerge como um exemplo de cooperação intercultural e promoção do património cabo-verdiano. Sob o importante apoio da Secretaria Regional de Turismo e Cultura, da Embaixada de Cabo Verde em Portugal, do Centro Cultural de Cabo Verde em Lisboa, do Grupo Sousa, do Grupo Pestana e do Jornal da Madeira, este evento tornou-se um símbolo vivo da riqueza cultural que une as ilhas da Madeira e Cabo Verde. Destacando-se como uma pré-comemoração dos 50 anos de independência de Cabo Verde, este festival contempla música, literatura, dança, gastronomia e arte, celebrando a herança e a diversidade cultural cabo-verdiana. Dando seguimento ao festival no Centro Cultural da Quinta Magnólia, a Arquiteta Manuela Andrade, conduzirá uma atividade pedagógica envolvendo alunos do 1º ciclo de várias escolas.

A exposição “Entre Ilhas” patente até 8 de junho, é um testemunho tangível do compromisso contínuo com a promoção da cultura cabo-verdiana. Este espaço tornou-se um ponto de encontro para os amantes da cultura, oferecendo uma visão fascinante das tradições e realizações do país.

Contudo, à medida que celebramos estas conexões culturais, é igualmente importante reconhecer e abordar algumas barreiras diplomáticas que persistem entre os dois países. A exemplo, deparamo-nos com a necessidade de visto para cidadãos cabo-verdianos viajarem para Portugal, enquanto os portugueses desfrutam de isenção. Esta situação espelha uma disparidade que não pode ser ignorada. A dificuldade adicional de agendar um visto na Embaixada Portuguesa em Cabo Verde concede-lhe ainda mais destaque...

Os cidadãos cabo-verdianos enfrentam obstáculos burocráticos significativos para viajar para Portugal, seja qual for a natureza da mesma, criando uma situação desigual que merece a nossa atenção e ação.

É crucial reconhecer que essa política de visto tem um impacto tangível nas relações entre os dois países, dificultando os laços pessoais, empresariais, profissionais e culturais que poderiam ser fortalecidos através de uma maior interação.

No mínimo, solicitam-se medidas para simplificar e acelerar o processo de obtenção de vistos e clareza no seu processo. Como não me identifico apenas com apontamento de problemas, mas sim na busca de soluções, deixo algumas propostas: tais medidas poderiam incluir a facilitação de agendamentos de entrevistas e a redução dos prazos de processamento, tornando o processo mais acessível e menos oneroso para os requerentes, ainda que mantendo o que considero desigual.

Uma outra abordagem (esta sim ideal), seria a de trabalhar em direção a um acordo de isenção de visto para cidadãos cabo-verdianos, seguindo o exemplo de outros acordos bilaterais de isenção de visto em todo o mundo. Isso não apenas simplificaria o processo de viagem, mas também promoveria uma maior conectividade e compreensão entre os dois países. Como tal, é imperativo explorar opções de solução que promovam uma relação mais equitativa e facilitada.

Como uma sociedade que valoriza a igualdade e a justiça, é imperativo que trabalhemos juntos para superar tais obstáculos.

Em última análise, enquanto celebramos realizações culturais, é essencial que também nos comprometamos a superar os desafios ainda patentes, que limitam a circulação e a interação entre os nossos povos. Ao trabalharmos juntos para encontrar soluções, construímos um futuro onde a igualdade, a justiça e a cooperação sejam pilares das nossas relações.

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