No panorama regional, com um território finito, onde se assiste diariamente a um aumento exponencial dos valores de aquisição de imóveis e um aumento gravoso dos valores médios de arrendamento derivados da reduzida oferta de alojamentos, quais são efetivamente as medidas para a habitação?
O parque habitacional existente tem sido reabilitado para fins maioritariamente turísticos, por consequência assistimos a uma aceleração da gentrificação que já se sentia na região. Este facto aliado aos efeitos da subida exponencial dos juros aos créditos da habitação tornou o acesso à habitação numa situação incomportável para muitas famílias.
Enquanto as Sociedades de Reabilitação Urbana (SRU) criaram concursos para a conceção de projetos de habitação a custos controlados onde os arquitetos foram convidados a repensar o paradigma da habitação contemporânea, por cá essa tarefa recaiu no IHM e casuisticamente sobre a gestão interna dos municípios.
Falta talvez estudar os resultados e os benefícios das SRU em território continental e adaptar o modelo à região, envolvendo os arquitetos na reflexão sobre a habitação.
Num passado recente a madeira conheceu o extenso trabalho das cooperativas de habitação, que em muito se assemelha ao processo das SRU, onde se pensaram alguns dos melhores edifícios de habitação da região, como é o caso, a título de exemplo, do edifício de apartamentos Alta Vista, construído pela Cooperativa "A nossa casa" e assinado pelos arquitetos Marcelo Costa e Adolfo Brazão Vieira.
Os problemas não são novos, as soluções também não. Bastará, talvez, recuar e aprender com o que já foi (bem) feito.