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Artigo de Opinião

Presidente da Delegação Regional da Madeira da Ordem dos Psicólogos Portugueses

6/01/2022 08:00

A evidência mostra que a exposição contínua à incerteza e a ausência de controlo sobre o que nos acontece se associa a maior stress e ansiedade. O prolongamento de uma situação com as características que conhecemos tem por isso acrescentado exigência também do ponto de vista psicossocial. Mas, independentemente da variante ser a ómicron, a delta ou outra, permanece fulcral a necessidade de promovermos a saúde psicológica e o autocuidado, o qual envolve atitudes e comportamentos protetores. O autocuidado não significa autocentração, mas promovermos as melhores condições para lidarmos com os desafios que enfrentamos, o que inclui interagir construtivamente com os outros.

Promover o autocuidado em tempo de incerteza envolve não esquecermos as nossas necessidades psicológicas básicas de competência, de autonomia e de relação. Daí que seja importante investirmos em atividades que nos geram bem estar ou em que nos sintamos capazes e com equilíbrios entre as diferentes dimensões da nossa vida, bem como valorizarmos relações interpessoais com qualidade. E, por paradoxal que possa parecer, é também favorável fazer planos com flexibilidade. Face ao valor motivacional que o pensamento no futuro tem sobre o comportamento presente, imaginar e até projetar o que poderemos vir a fazer poderá contribuir para melhor humor e sentimento de controlo.

A atitude que temos face à realidade também é importante. Devemos assimilar o que não ganhamos (ou o que perdemos) e sobretudo reconhecer e ventilar (e não reprimir) o que pensamos e sentimos. Não se trata de ser mais otimista ou positivo, mas certamente reforçar um pensamento melancólico, negativista e catastrófico apenas reforça um círculo vicioso de desânimo. Recordar também o que funcionou anteriormente pode ser informativo para o presente.

Falar em autocuidado é também, por fim, clarificar que o mesmo não é apenas uma responsabilidade individual, mas tem uma dimensão social, organizacional e económica - basta pensarmos na relação entre saúde psicológica e produtividade e custos com a doença. Se os nossos contextos de vida são essenciais para o bem estar, é necessário que o autocuidado e o bem estar sejam preservados na forma como nos relacionamos uns com os outros e incentivados, por exemplo, na área laboral, através de balanços saudáveis entre o trabalho e a vida pessoal, familiar e de lazer, e particularmente com a avaliação e intervenção sobre os riscos psicossociais nas organizações. Certamente que relações sociais e locais de trabalho mais saudáveis fazem muito pelo autocuidado de cada um.

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