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Artigo de Opinião

25/01/2022 08:00

Não me lembro de ver uma campanha eleitoral em que todos os partidos e comentadores batem sempre na mesma pessoa, elegendo uma série de argumentos falaciosos e tentando levar ao esquecimento do que a direita corporizada no PSD e no CDS fizeram a Portugal nos anos que antecederam a entrada da geringonça no poder. Será bom recordar que o primeiro-ministro mais liberal que Portugal teve era do PSD e governou com o CDS. Foi nessa época liberal que os funcionários públicos e os reformados perderam dois salários por ano e os privados perderam um. A função pública ficou com as carreiras congeladas e foi apelidada de incompetente e calona, sendo sua a culpa da má economia de Portugal. A legislação laboral foi toda alterada, levando ao aumento do trabalho precário e sem direitos, à redução do pagamento do trabalho extraordinário, à redução de pessoal. Congelamento de salários, pensões e salário mínimo, cortes sociais, aumento do IRS, diminuição dos impostos para os mais ricos, aumento da pobreza, foram experiências que resultaram do governo mais liberal de Portugal e que espero que as pessoas não tenham esquecido. Rui Rio quer apagar as medidas dos governos PSD. Com a maior descontração, há dias, dizia-se ele indignado com as atuais carreiras dos professores. Faz-lhe falta memofante, pois foi o seu partido em conjunto com o CDS que as estraçalhou. Indignada fiquei eu!

Nesta campanha, temos ouvido a direita afirmar que quer políticas liberais para estancar a emigração, quando foram essas políticas que levaram à maior sangria de sempre dos quadros mais qualificados de Portugal, entre 2011 e 2015. Diabolizam os apoios sociais e cantam loas à redução dos impostos, fomentando a ideia de que só assim a economia se desenvolve. Está provado que com o que poupa nos impostos a maioria das empresas não reverte essa riqueza na criação de melhores salários, ou de mais e melhor emprego. Pelo contrário, investem na precariedade e na exploração.

Cheque ensino na educação, Serviço Nacional de Saúde tendencialmente pago, diminuição da democracia porque é cara, são outras das bandeiras que a direita quer implementar em Portugal, desdizendo e apagando itens dos programas eleitorais, mas deixando escapar em debates o que efetivamente querem levar a cabo.

Estas são eleições muito importantes e todos os círculos eleitorais são fundamentais para eleger pessoas que defendam a democracia e um Portugal mais justo socialmente e mais desenvolvido. Nesta campanha tem ficado claro que votar à direita é negar as alterações climáticas, é promover o congelamento do salário mínimo, ou até acabar com ele, é oprimir as liberdades individuais e apostar no racismo, na homofobia.

Para não regressarmos a um passado de má memória e a preto e branco, é importante que cada um de nós se mobilize e vá votar. Essa é a nossa melhor arma, para não nos afogarmos neste mar de demagogia barata e de intenções dissimuladas.

Apesar de Miguel Albuquerque acenar com a independência, por enquanto, o nosso voto vale tanto como o de qualquer português ou portuguesa. Não o desperdicemos!

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