Apesar de estarem situadas a milhares de quilómetros do continente europeu e experienciarem realidades parecidas, mas únicas a cada uma delas, estas regiões conferem à Europa uma lista longa de benefícios, não só pela riqueza e diversidade cultural que possuem, mas também pela sua posição estratégica em termos geográficos, culturais e económicos sendo vizinhas de vários continentes. A União Europeia conta nove regiões ultraperiféricas: Açores e Madeira (Portugal), Guiana Francesa, Guadalupe, Martinica, Mayotte, Ilha da Reunião e Saint-Martin (França) e as Ilhas Canárias (Espanha). No total, as RUP são a casa de 4,8 milhões de cidadãos, segundos os dados da Comissão Europeia.
Em 2018, o então Presidente da Comissão Europeia Jean-Claude Juncker afirmava num discurso: ‘Conhecem a minha ligação às regiões ultraperiféricas, lugares onde os recursos naturais e a riqueza humana da nossa União estão concentrados. É nessas regiões, laboratórios de excelência e guardiões da biodiversidade, que começa o futuro da Europa’.
Apesar de terem características positivas únicas, também têm uma série de características específicas que são menos boas, em comparação com o resto da UE. Características essas que limitam o seu crescimento e desenvolvimento. As RUP têm de lidar com a insularidade, topografia e clima difíceis e dependência de alguns produtos locais, só para apontar algumas.
Mas há algo que é imenso e que todas têm em comum: estão rodeadas por mar. A economia azul oferece um grande potencial de crescimento e emprego na União Europeia, particularmente para as regiões ultraperiféricas, porque reforça a dimensão marítima europeia e desempenha um papel fundamental na governação internacional dos oceanos, uma oportunidade chave de crescimento para as RUP.
Se há algo que a pandemia Covid-19 veio mostrar, é que uma região, especialmente uma região ultraperiférica, tem de ter diversos meios de se sustentar de forma independente que vão além do turismo. A UE está a apoiar, através dos vários mecanismos e fundos europeus, vários projectos nas RUP cujo objectivo é de fomentar o desenvolvimento destas regiões em diversas áreas de investigação e da economia, de modo a que consigam atrair investimento e criar novos postos de trabalho.
Desenvolver as indústrias emergentes não significa esquecer os sectores tradicionais. Estas têm de andar de mãos dadas. Karmenu Vella, ex-comissário europeu para o Ambiente, Oceanos e Pescas escreveu e bem que ‘o turismo costeiro, provavelmente a actividade "azul" com maior impacto socioeconómico nas regiões ultraperiféricas, ainda tem um potencial de crescimento significativo. Para concretizar esse potencial, precisamos de investimentos que criem sinergias em toda a cadeia de abastecimento do turismo e com outras actividades marítimas. A energia limpa e renovável dos oceanos é um bom exemplo, pois acolher mais turistas implica também atender a uma maior procura de energia.’
A economia azul é uma das principais potências do futuro da economia europeia, especialmente no que toca às RUP. E há muitas mais áreas onde estas regiões podem ser líderes europeus. Desenvolver estas regiões não só beneficia os seus habitantes, como as aproxima do continente europeu e torna-as mais independentes. Porque como Junker disse, nas RUP ‘começa o futuro da Europa’!