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Artigo de Opinião

Bispo Emérito do Funchal

31/12/2023 04:00

Na missa de Natal celebrada pelo Papa Francisco em São Pedro do Vaticano, as imagens eram alternadas entre o altar da Basílica e o presépio colocado na Praça de São Pedro, que mostrava uma imagem do presépio de Greccio na Itália. Este ano comemora-se a iniciativa criadora do poeta São Francisco, que era um grande teólogo do amor de Jesus Cristo. Oitocentos anos são passados do Natal de 1223, em que Francisco de Assis teve essa iniciativa, na realidade, já se tinham realizados outros presépios séculos antes desta data, mas o presépio do Poverello tinha outra intenção, ver a pobreza em que o Senhor Jesus se dignara nascer, com os seus próprios olhos, um Deus verdadeiro pobre e despojado de tudo. Francisco não queria apenas viver o Evangelho, mas entrar nele, saboreá-lo experimentar o que acredita com grande amor.

Na missa de Natal celebrada pelo Papa Francisco em São Pedro do Vaticano, as imagens eram alternadas entre o altar da Basílica e o presépio colocado na Praça de São Pedro, que mostrava uma imagem do presépio de Greccio na Itália. Este ano comemora-se a iniciativa criadora do poeta São Francisco, que era um grande teólogo do amor de Jesus Cristo. Oitocentos anos são passados do Natal de 1223, em que Francisco de Assis teve essa iniciativa, na realidade, já se tinham realizados outros presépios séculos antes desta data, mas o presépio do Poverello tinha outra intenção, ver a pobreza em que o Senhor Jesus se dignara nascer, com os seus próprios olhos, um Deus verdadeiro pobre e despojado de tudo. Francisco não queria apenas viver o Evangelho, mas entrar nele, saboreá-lo experimentar o que acredita com grande amor.

Este presépio segundo nos relata Tomás Celano, da noite de Greccio “no lugar da manjedoura foi construído um altar em honra do Pai Francisco, a fim de que ali, onde outrora os animais se alimentavam com feno, pudessem os homens alimentar-se continuamente, para saúde da alma e do corpo, com a Carne do Cordeiro Imaculado, Jesus Cristo Senhor Nosso, que a si mesmo se nos deu com sumo e inefável amor “. Para São Francisco, entre a carne de Cristo, nascido na manjedoura de Belém, e a eucaristia, existe um nexo que não se pode destruir. “Eis que ele se humilha cada dia, como quando baixou do seu trono real, a tomar carne no seio da Virgem, cada dia vem até nós em aparências de humildade; cada dia desce do seio do Pai, sobre o altar, para as mãos do sacerdote”.

Desta forma em Greccio, “o rito solene da Eucaristia foi celebrado sobre a manjedoura. Foi por isto que Francisco pediu apenas uma manjedoura e um pouco de feno, imaginando o sacerdote a realizar um “presépio eucarístico “.

Neste presépio, mais do que teatro temos uma ação litúrgica, não há figurantes, mas os que vêm são participantes. Neste presépio, não há uma figura de Maria, Mãe de Jesus, nem de São José, nem anjos, nem pastores, mas os habitantes pobres e rústicos da pequena e esquecida Greccio, assim como os habitantes dos arredores vêm tomar parte no mistério da descida de Deus que vem montar a sua tenda entre nós.

O Papa Francisco, na Carta Apostólica “Admirabile Signum” (Sinal Admirável) escreve: “Ao entrar neste mundo, o Filho de Deus encontra lugar onde os animais vão comer. A palha torna-se a primeira enxerga para Aquele que se há-de revelar como o pão vivo, o que desceu do céu.” Outros Padres da Igreja já tinham apresentado esta simbologia, como Santo Agostinho: “Deitado numa manjedoura, torna-se nosso alimento”. Desta forma o presépio de São Francisco é diferente dos nossos, não é escadinha, nem os rochedos de papel pintado, que tanto se aproximam como diferem dos rochedos do Curral das Freiras, temos em comum o boi e o burrinho que não faltam em Greccio.

Por esta razão, no presépio de São Francisco não aparece alguém a interpretar a figura de São José, nem da virgem Maria, para o Poverello de Assis, Eucaristia e Encarnação dizem respeito a um Deus que se humilha para a salvação dos homens.

O presépio de Greccio é a obra do mesmo poeta que escreveu o “Cântico das Criaturas “. Os escritores que nos deixaram escritos sobre São Francisco mostram-no um místico cheio de gozo interior e de manifestações festivas no exterior, sente-se irmão de todos e de tudo, sente-se um homem novo que pregava aos passarinhos, amansava os lobos, extasiava-se diante das flores, aspirava o seu perfume e convidava os trigais, os vinhedos, os campos e as nascentes, a terra e o fogo, o ar e o vento, para louvarem o Senhor. Este grande poeta deveria amar e alegrar-se com o Cântico de Isaías: “Então o lobo morará com o cordeiro e o leopardo deitar-se-á com o cabrito. O bezerro, o leãozinho e o gordo novilho andarão juntos e um menino pequeno os guiará. A vaca e o urso pastarão juntos, e juntas se deitarão as suas crias. O leão alimentar-se-á de feno como o boi...” (Is.11,6-8). Cada criatura era, para ele, um espelho que refletia a glória de Deus, no seu próprio ser, a bondade de Deus Criador.

Sagrada Família de Jesus, Maria e José – FESTA

Leituras: Sir 3, 3-7. 14-17a (gr. 2-6. 12-14); Sl 127 (128), 1-2. 3. 4-5 - Cl 3, 12-21

Evangelho: Lc 2, 22-40

Ao chegarem os dias da purificação, segundo a Lei de Moisés, Maria e José levaram Jesus a Jerusalém, para O apresentarem ao Senhor, como está escrito na Lei do Senhor: “Todo o filho primogénito varão será consagrado ao Senhor”, e para oferecerem em sacrifício um par de rolas ou duas pombinhas, como se diz na Lei do Senhor. Vivia em Jerusalém um homem chamado Simeão, homem justo e piedoso, que esperava a consolação de Israel; e o Espírito Santo estava nele. O Espírito Santo revelara-lhe que não morreria antes de ver o Messias do Senhor; e veio ao templo, movido pelo Espírito. Quando os pais de Jesus trouxeram o Menino, para cumprirem as prescrições da Lei no que lhes dizia respeito, Simeão recebeu-O em seus braços e bendisse a Deus, exclamando: “Agora, Senhor, segundo a vossa palavra, deixareis ir em paz o vosso servo, porque os meus olhos viram a vossa salvação, que pusestes ao alcance de todos os povos: luz para se revelar às nações e glória de Israel, vosso povo”. O pai e a mãe do Menino Jesus estavam admirados com o que d’Ele se dizia. Simeão abençoou-os e disse a Maria, sua Mãe: “Este Menino foi estabelecido para que muitos caiam ou se levantem em Israel e para ser sinal de contradição; – e uma espada trespassará a tua alma – assim se revelarão os pensamentos de todos os corações”. Havia também uma profetisa, Ana, filha de Fanuel, da tribo de Aser. Era de idade muito avançada e tinha vivido casada sete anos após o tempo de donzela e viúva até aos oitenta e quatro. Não se afastava do templo, servindo a Deus noite e dia, com jejuns e orações. Estando presente na mesma ocasião, começou também a louvar a Deus e a falar acerca do Menino a todos os que esperavam a libertação de Jerusalém. Cumpridas todas as prescrições da Lei do Senhor, voltaram para a Galileia, para a sua cidade de Nazaré. Entretanto, o Menino crescia, tornava-Se robusto e enchia-Se de sabedoria. E a graça de Deus estava com Ele.

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