O "piloto" Cunha ganha o estatuto - na minha opinião - do maior alfista madeirense da década de 60. Numa Ilha, onde os automóveis eram na sua maioria de origem alemã, francesa e inglesa - pela grande influência dos britânicos residentes, no comércio regional - O facto de competir com o Alfa Romeo Giulietta T.I., marca a diferença, numa altura em que o modelo regista enorme sucesso na competição por toda a Europa. A Giulietta é descarregada a escassos três dias da prova - a " II volta à Ilha " em 1960 (#19) - efectua a rodagem durante os reconhecimentos e, no treino para as provas de perícia na avenida do mar, ladeada com imenso público - termina em 40.º - entre 71 equipas. Ao longo do tempo, participa em várias provas de rampa; rally; critério ou de perícia pela ilha e, em 1961 (#18) participa na " III Volta à Ilha " onde termina em 27.º - entre 46 equipas ... No fim desse mesmo ano, os paquetes transatlânticos faziam ecoar os seus apitos, entre o fogo de artifício na baía do Funchal- como é tradição - E, entre flutes de champanhe; sorrisos e votos de um próspero ano novo de 1962, o " piloto " Cunha brindava ao seu novo Alfa Romeo Giulietta Sprint Veloce...
Considerada como a maior manifestação desportiva insular, a "Volta à Ilha da Madeira em automóvel" - prova rainha do " Club Sports Madeira "- teve a sua primeira edição em 1959, oito anos antes da primeira edição do " Rali de Portugal " - E, ano após ano, ganha o estatuto de verdadeiro cartaz turístico - justificando que, em 1962, o paquete " Príncipe Perfeito " seja fretado para transportar 1.004 passageiros com destino ao Funchal, para assistir à prova: O "Cruzeiro das Orquídeas". Transportando os excursionistas - que demonstraram muito interesse, vindos do continente e desde início esgotando as vagas disponíveis.
Outros, vindos das vizinhas Ilhas Canárias - mais de uma dezena de pilotos espanhóis - de avião até à Ilha do Porto Santo e, transportados depois em dois iates para o Funchal - para participar na " IV Volta ", após a chegada dos seus coches por barco cargueiro. O interesse pela prova por parte dos madeirenses - desde sempre grandes entusiastas do automobilismo - e pelos forasteiros era crescente, ocorrendo um interessante intercâmbio entre os dois arquipélagos atlânticos, além da contínua participação dos pilotos vindos de Lisboa desde a primeira edição da prova no último ano da década de 50. (continua)