Por estes dias, por exemplo, cheguei a casa dos meus pais e a minha mãe perguntou-me se o Costa ia cair! "O Costa, mãe? Cair? Eu sei lá quem é o Costa… Mas o homem estava pendurado, era?". Lá me explicou que era o gajo do PS de Lisboa e que estava a ser investigado. "Não sei de nada, mãe", respondi-lhe eu muito mais preocupado em saber o que era o almoço do que outra coisa. Não satisfeita, foi ligar a televisão e, de facto, não se falava noutra coisa que não fosse a "operação influencer". Tinham sido detidos o chefe de gabinete e um amigo próximo do primeiro-ministro e o ministro das Infraestruturas tinha sido constituído arguido. Quanto ao Costa? Pouco ou nada. Estava apenas a ser investigado num processo paralelo.
Pensei para mim, finalmente parece que vamos no bom caminho. Também já não era sem tempo! Segundo consta, deixámos para trás um primeiro ministro que roubava sem que os que o rodeavam soubessem, para termos um que não fazia ideia que todos os que andavam à sua volta eram ladrões. Passámos, portanto, do esquema de pirâmide em que só ganhava o que estava no topo, para o esquema multi-nível em que ganham (quase) todos os que estão por baixo. Neste caso o nome até devia ser muito-nível, tal é a finesse dos sobrenomes dos envolvidos. Ou são duplos como Oliveira Neves e Lacerda Machado. Ou com toque estrangeiro de Lacasta. Ou ainda dotados de alguma rarefação como Mascarenhas, Salema, Escária ou Galamba. Só por aqui também já se percebe que o tal gajo não deve ter nada a ver com isto. Nem nome de ladrão de colarinho branco tem.
Por sorte, por cá, os nomes dos "influencers" também são todos comuns. Bem, tirando alguns como os Albuquerques, Pradas, Cunhas e Silvas, Lopes das Fonsecas, Iglésias e mais uns quantos… Mas, mesmo estes, são todos, obviamente, pessoas de bem. Garanto-vos. Não há nada que se lhes possa apontar. Nadinha. Nenhum deles alguma vez usou sequer o motorista para levar a empregada a casa, os filhos à escola ou a mulher ao cabeleireiro. Muito menos tinham milhares de euros em numerário guardado em envelopes vindos sabe-se lá de onde. Vinho? Nem bebem. Refeições pagas? Jejuam. Suspeitas de intervenções para desbloquear procedimentos? Jeitinhos? Favorecimentos? Naaaa. Zero. Bola. Nem sombras.
Graças a Deus que aqui não há nada disso e podemos todos dar graças ao Senhor pelos políticos que temos. Ainda assim, em sacrifício próprio e apenas por um bem maior, às vezes penso como seria bom se se mudassem para o continente. Nem que fosse só por uns míseros 50 anos.
Iam ver que era da maneira que o país endireitava. Ou não. Só vendo…
Começavam logo pela Saúde. Se um Hospital novo em cada capital de distrito não tirasse Portugal da parte de cima da tabela da falta de atendimento às necessidades de saúde, seguia-se o exemplo do que foi feito com os carros e incentivava-se o abate dos cidadãos com matrícula anterior ao ano de 1950. Todo e qualquer cidadão acima dos 73 anos veria agravado o seu IUPI -Imposto Único sobre a População Idosa. E eu concordo. Todos sabemos que os daí para cima já começam a dar muitos problemas e a ir muitas vezes à oficina. Uns queixam-se da junta da cabeça. Outros da válvula de escape. Isto para nem falar dos que ficam sem motor de arranque. No fundo, começam a dar muita despesa para o uso que lhes é dado. Só não vê quem não quer… E eu, sinceramente, não sei como é que isto escapou ao Orçamento de Estado! O governo com a maior carga fiscal de sempre, deve estar a dormir. Ou então entretido com outras coisas.
Ps, No meio de toda esta malta fixe,
Consta que foi encontrado haxixe.
Ainda pior do que ver o país de pelota
É ter um ministro que fuma uma bolota!
Segundo o Costa, foi apanhado de surpresa.
Habituado a ser o papão, era agora a presa.
"Hidrogénio? Data center? Lítio?"
Culpado ou não, foi o único a tê-los no sítio.
Peço desculpa se me excedi ou descontrolei.
Até prova em contrário e à luz da lei
São inocentes e cartas dentro do baralho.
Mas agora peço eu um favor. Põem-se no…?!