As férias tornam-se, assim, um importante momento de esvaziamento que lhes permite perceber a essencialidade e "abrir o ouvido do coração".
Facilmente se chega à conclusão que tanto se corre…e vale a pena?
Sim, vale a pena, desde que coloquemos no tudo que fazemos o nosso melhor e com… Amor…, e não creiam que se trata de "blá, blá"…, Não!
É o Amor que depositamos em cada tarefa que concretizamos que permitirá que quem está ao nosso lado dali possa sair melhor e mais feliz.
Agora, a verdade é que nem sempre temos alguém ao nosso lado e, ainda que possa estar, não é garantido que dali venha a sair melhor e mais feliz, pois poderá estar fechado nas suas inúmeras tarefas, praticadas de modo rotineiro, e sem que perceba que tudo é tramitado apenas para se cumprir o calendário.
Ainda que não tenhamos onde reclinar a cabeça, nunca devemos desistir desse Amor que coloca o outro no centro e que se esquece do seu "eu" para dar lugar ao "nós".
Este "nós" não desiste, reinventa-se, cria momentos, suscita oportunidades, valoriza o próximo, deposita nele sua fé e procura acender-se na sua luz. Sim…, todos têm uma luz…, que nunca se desvalorize a claridade que vem de pessoas tão simples e tão humanas que tanto nos ensinam…, até nos silêncios! Valorizemos esta pobreza que constitui um "brilho que vem de dentro".
A cada dia que passa tanto que me custa escutar pessoas que se focam no "eu", na aparência, no espetáculo que procura confirmação dos seus atos, apenas, nos aplausos. Alcancemos que somos o resultado uns dos outros e que nada conseguimos ou fazemos sozinhos…, nada! Nunca se olvide que aquele que hoje sofre poderá amanhã ser uma nossa filha, uma nossa neta, um dos nossos …. e será que não são todos nossos?
Daí que tudo o que vai acontecendo por esse mundo, pelo nosso mundo que está aqui ao lado, me perturbe, me inquiete.
Pensemos na nossa querida Jéssica, nos seus familiares, nas inúmeras vítimas de maus-tratos, nos migrante, nas 23 pessoas que morreram na fronteira do enclave espanhol de Melilla com Marrocos, em tantos que se aproveitam, indevidamente, do trabalho e do suor dos outros… e que se tem feito? Continuamos a fazer muito pouco…! Seremos, sempre, uma gota no oceano, bem o sei, mas também sei que essa gota faltaria, sempre, ao oceano!
O que a nossa querida Jéssica viveu tem algumas semelhanças com o vivido pelo querido Gabriel Fernandez que, em maio de 2013, nos Estados Unidos da América, e com 8 anos, morreu após ter sido espancado pela sua mãe e pelo padrasto! Custa tanto imaginar o que sofreram estas nossas crianças…, como é possível? Não podemos controlar tudo, mas também sei que o nosso comportamento, a nossa atitude, o nosso trabalho com Amor, o olhar para o outro, para a fragilidade do próximo, pode mudar a vida de alguém e isso deve orientar-nos e bastar-nos!
A vida vai saltitando e correndo a uma velocidade estonteante, mas as mãos que nela trabalham com Amor farão com certeza a diferença. E essas mãos esquecer-se-ão dos períodos das férias, dos períodos de trabalho…, pois tudo é Vida e a Vida é um incrível espetáculo de entrega, de dádiva, pela qual valerá, sempre, a pena correr.