Em duas gerações, passámos das famílias numerosas para famílias reduzidas; neste campo, o Instituto Nacional de Estatística indica que apenas 36% dos casais têm filhos, e que a média de filhos por mulher em Portugal é de 1,5 filhos.
É evidente que os tempos mudaram, e ainda bem que assim foi; atualmente, o papel das mulheres evoluiu e muito; elas já não são figuras submissas que se limitam às lides domésticas, ao zelo do lar e ao cuidado dos filhos. Os direitos e deveres inerentes à parentalidade são divididos entre pai e mãe, ambos trabalham e o modo de organização de vida das famílias alterou-se.
A evolução social, científica e humana que temos vivido tem as suas consequências, e elas estão à vista de todos; vivemos cada vez mais tempo, temos vidas mais longas, hábitos e rotinas diferentes e isso tem impactos evidentes. No campo da saúde, há cada vez mais incidência de doenças crónicas, tais como as cardiovasculares, com implicações na qualidade de vida de vida das pessoas. Vivemos mais tempo, mas vivemos também mais tempo dependendo dos outros, e isto deve merecer uma reflexão de todos!
Para responder a vidas mais longas, é preciso continuar a investir em políticas de apoio à população sénior; é preciso continuar a criar condições de apoio às famílias que não podem cuidar dos seus idosos em casa e continuar também a providenciar condições de apoio domiciliário àqueles que escolhem cuidar dos seus idosos nas suas casas.
Mais do que nunca, é preciso criar uma verdadeira sinergia de apoio às famílias, que não se pode limitar à atribuição de apoios monetários, seja para apoiar a natalidade, seja para apoiar o cuidado dos familiares idosos, e neste campo, há um caminho a percorrer por parte das autarquias a par do Governo Regional.
Há que inovar, criando medidas legislativas nacionais que apoiem verdadeiramente a parentalidade, aumentando as licenças parentais, flexibilizando os horários laborais para famílias com crianças pequenas ou com idosos ao seu cuidado; urge pensar fora da caixa no que concerne a verdadeiras medidas de apoio às famílias! Não podemos continuar a ter um Estado que só sabe carregar no botão dos impostos e das obrigações, e que não sabe se reinventar em matéria de apoio verdadeiramente direcionado às famílias.
É de extrema importância que se repense toda a estratégia de apoio familiar e a própria sobrevivência do nosso sistema de segurança social; com um índice de envelhecimento no nível atual, e cujas previsões apontam para que aumente nos próximos 30 anos, há que repensar e refletir sobre o nosso futuro. Afinal, que futuro queremos para os nossos filhos? Quem irá acautelar o futuro das novas gerações? Pensemos nisto!