Homem nobre, de coração forte e de opiniões vincadas, com pronúncia carregada que denunciava de imediato as suas origens madeirenses, com um pequeno traço açoriano, fruto da sua bonita união, dedicou grande parte da sua vida ao acompanhamento das comunidades madeirenses no Reino Unido, de forma assídua e permanente, deixando sempre uma palavra de conforto a quem lhe recorria. Tinha o grandioso poder de trazer segurança a milhares de emigrantes que procuravam neste homem, amparo para situações inesperadas que surgem sem hora marcada, seja de dia ou de noite, em dia de trabalho ou em pleno período de lazer. E lá estava ele, pronto para fazer aquele telefonema, para uma autoridade no Reino Unido ou em Portugal, que iria fazer a diferença na vida, muitas vezes difícil de quem decide emigrar.

Os inúmeros reconhecimentos obtidos, foram todos baseados na sua forma integra de lidar com as situações junto das comunidades portuguesas. Vivia, trabalhava e lidava com os portugueses de forma intensa. O peso dos anos levava-o a sentir a imensa responsabilidade que carregava de forma altruísta em benefício dos portugueses. Não se privava de criticar uma má conduta e lutava afincamente pela coesão dos portugueses a viverem no Reino Unido. Várias vezes referiu que "o maior inimigo dos portugueses são os próprios portugueses" e tentava ao máximo combater esta forma destrutiva de viver em comunidade. Foi um verdadeiro pilar de exemplo na comunidade portuguesa no Reino Unido. Sentiremos a sua falta e a sua boa disposição, o seu discernimento para fazer face a momentos árduos, sempre em busca de uma solução. Sentiremos falta das suas palavras sábias e do seu sentido prático na resolução de problemas recorrentes, que afectam as comunidades dos portugueses pelo mundo.

O nosso muito obrigada Sr. Comendador Carlos Freitas, pela sua dedicação e empenho nesta caminhada nem sempre fácil, chamada emigração. Os seus ensinamentos serão perpetuados pelos seus sucessores, que terão a difícil tarefa de dar continuidade ao seu grande nome enquanto conselheiro honorário das comunidades madeirenses em Londres. Mas estou certa que o farão sempre o seu melhor por forma a honrar todo o seu trabalho junto da comunidade que lhe é eternamente grata.