Houve quase sempre luz do sol a animar estes dias de verão... e gente, muita gente que aproveitou este tempo sem pressa para estar, para simplesmente estar. Houve quase sempre alegria nestes dias. E gargalhadas. Foram as férias. É a ilusão de que se é dono dos dias que se vão espreguiçando, lentos, em lugares que não são os do dever.
Fugimos dos lugares do costume, para encontrarmos toda a gente (a do costume) em outros lugares (os de costume, também), mais solarengos, mais risonhos, mais livres, porque mais despidos, porque mais descontraídos; cruzamo-nos nas ruas com as pessoas com quem nos cruzamos todos os dias, mais aquelas que nem sempre vemos, porque os caminhos da vida são outros e mais as outras, aquelas de quem fugimos o ano inteiro.
Fomos de férias (mesmo que não saíssemos da nossa rua), mas regressamos iguais, mais morenos, talvez, mas iguais, sem que nada se tivesse quebrado em nós, sem que nada tivesse rejuvenescido em nós, sem nada. Fomos de férias e voltamos sem nada. Porque percorremos os caminhos fáceis, aqueles por onde todos andam, os lugares da moda, os lugares de todos.
E agora, de volta, com o olhar no futuro (porque não pode ser de outra maneira), percebo como é importante aprendermos a caminhar por outros cainhos, os menos comuns, os mais vazios, aqueles que nos ajudam a nos encontrarmos connosco. E sei que ainda vamos a tempo, porque o verão, aqui, na nossa terra, costuma durar um bocadinho mais do que nos outros sítios. E deixar que a natureza (a que teima em renascer das cinzas do lume) nos conte baixinho os seus segredos: que os pássaros nos cantem canções de embalar; que o mar nos acalme o corpo cansado de lutas que nem sempre são as nossas; que o vento nos beije a pele crestada de luz e nos faça regressar, ao fim de cada dia de trabalho, ao tempo lento dos dias que (ainda) nos encantam.
Depois, é deixar que a noite caia e nos embale em sossego, para voltarmos, mais fortes, aos caminhos de sempre, com as pessoas de sempre, aos nossos caminhos, portanto, às nossas pessoas.
Bom regresso, meus amigos. Que a esperança esteja convosco.