Como tal, há já quem questione se isto não se deve ao menor investimento do Governo Regional nestas equipas e no desporto competitivo em geral. O que levanta a questão: deverá a Madeira aumentar o nível da sua participação financeira?
O apoio financeiro público é um assunto delicado quando se trata de patrocinar equipas desportivas, sobretudo as profissionais. No caso da Madeira existe uma crescente discussão sobre esta matéria, sobretudo quando comparando com o que foi a participação desportiva da Região nos anos 90 e princípios do milénio, e sobre se deveria ou não retomar tais níveis de apoio. Mas esta é uma questão que bate de frente com a nova realidade regional, quer financeiramente e suas respetivas obrigações legais, bem como com o aumentar da fasquia de investimento por parte de outros "players" a nível nacional.
Consequentemente, outra questão torna-se pertinente: até que ponto é exigível ao Governo Regional da Madeira manter ou aumentar o apoio público nos moldes que o faz ou, pelo contrário, deverá aquele realocar esses recursos públicos para investir na formação desportiva da população e no aprimoramento das infraestruturas desportivas? Não deverá antes o Governo Regional priorizar a formação, a prática desportiva em geral e os clubes-escola, em detrimento do patrocínio direto a equipas federadas/profissionais, quando sabemos que, por exemplo, para competir ao mais alto nível exige-se atletas de igual nível, o que não se compadece com o parco centro de recrutamento que é o mercado regional? E este raciocínio leva a outra pergunta: o que é mais importante? Ter equipas madeirenses a disputar competições nacionais ou ter uma população com um amplo recurso a diversas modalidades desportivas e recreativas e instalações condignas para a sua prática?
Quem defende este segundo caminho, considera que ao direcionar os recursos públicos para a formação e a prática desportiva em geral, o Governo Regional estará investindo na saúde e no bem-estar da sua população. A promoção de um estilo de vida ativo e saudável é essencial para combater problemas como o sedentarismo e as doenças relacionadas, trazendo benefícios tanto para os indivíduos quanto para o sistema de saúde como um todo. Isto é, poupa-se nos cuidados de saúde em geral.
Por outro lado, a priorização da formação e da prática desportiva ampla permite que um maior número de pessoas participe ativamente no desporto, independentemente de idade, género ou nível de habilidade. O desporto, enquanto meio de educação, é fundamental para a formação de cidadãos responsáveis e permite criar um sentimento de inclusão e coesão social, fortalecendo a comunidade. Por outro lado, com mais pessoas dedicadas à prática desportiva, haverá mais oportunidades de identificar e desenvolver talentos locais, nomeadamente jovens atletas promissores e fornecer-lhes as ferramentas e o apoio necessários para alcançar seu potencial máximo.
Pelo que releva a alocação de recursos para melhorar as infraestruturas desportivas disponíveis na Madeira, que garanta que os espaços já existentes sejam bem mantidos e possam ser utilizados por um maior número de pessoas. Isto permite o foco em instalações que beneficiem diretamente a população em geral, como campos locais e de bairro, quadras polidesportivas, mas igualmente para a prática mais especializada, individual ou coletiva, através de centros de treino e academias.
Tudo isso tem o potencial de gerar um impacto económico sustentável a longo prazo. Através da promoção do desporto como uma indústria que gera receitas por meio de eventos desportivos, turismo desportivo e desenvolvimento de produtos relacionados, podendo trazer benefícios para a região. Ao direcionar os recursos públicos para essas áreas, o Governo Regional estará investindo no futuro da Madeira e no bem-estar da sua população, com poupanças e ganhos significativos a médio-longo prazo.
Seja qual for o caminho que defenda, fica o mote para uma discussão séria.