O que vou escrever foi testado dermatologicamente, pois passei na pele.
Exigimos uma coisa e fazemos outra. Os outros têm deveres e nós temos direitos, sobretudo o direito de sermos bem atendidos e de reclamar para libertar a alma.
Queremos o reconhecimento dos outros e não compreendemos a importância de escrever no livro do elogio ou deixar um comentário positivo nas redes sociais por falta de tempo ou de pachorra. Não agradecemos aos nossos pais, filhos, amigos ou mesmo aos nossos colegas e chefes (Ah esperem! No caso deles, não estão a fazer mais do que o seu dever. Certo?).
Há uns tempos pedi o livro do elogio na Segurança Social, da Loja do Cidadão. Ficaram "alcançados". Sabiam onde estava o livro de reclamações mas não sabiam como funcionava o livro do elogio (para o vosso conhecimento, podem pedir na receção da Loja do Cidadão). Já tive o privilégio de usar o livro do elogio em lojas, farmácias e vários serviços do Hospital (sim, o público!). Sempre que vou às finanças de Santa Cruz sou muito bem atendida e faço questão de o dizer, mesmo quando as notícias que recebo não são boas (quem faz o atendimento não tem culpa das informações que pode dar). Quando vou a um restaurante e gosto do serviço digo ou escrevo nas redes sociais. É só colocar-me no lugar do outro: num dia stressante de trabalho, ou nos momentos em que eu acho que o faço não tem significado, ouvir ou receber um elogio sinceros sabe pela vida. Penso que acontece o mesmo com outras pessoas. Não posso dizer que seja altruísmo pois sinto-me bem em elogiar de forma genuína.
Experimentem, não vão ser lambe botas. Isso é outra coisa diferente. O livro do elogio, ou um e-mail a reconhecer o trabalho feito ou um comentário positivo nas redes sociais pode ser a forma do chefe ou do patrão relembrar a equipa fantástica que tem e que convém cuidar. Não comecem já a "praguejar" o chefe ou patrão que não dá valor. Se querem continuar a ter um bom serviço, façam o que está ao vosso alcance: reconheçam-no. Não gostam de escrever: Pronto. Simplesmente digam. Podem usar a célebre expressão: "Deixe-me falar com o seu superior" e acrescentem "gostei imenso de estar aqui".
Por outro lado, queremos que as coisas mudem e achamos que "eles devem saber o que têm de fazer" e que se não mudam é porque não querem. Podemos muito bem usar o livro de reclamações ou o e-mail para apresentar sugestões de melhoria e não o fazemos com medo de sermos "quinados" ou porque não queremos ter maçada.
O título "reclamações" não ajuda nada, mas serve para isto: para melhorar. Se está mal, muda-se. E para mudar é preciso saber o que se passou (colocar adjetivos feios não resolve). Eu já usei o livro de reclamações num centro de saúde de considerável dimensão e, para o meu espanto, fui a primeira pessoa a apresentar reclamação (quando tantas pessoas silenciosamente deixaram de usar o serviço por isso problema). Infelizmente estava tão aborrecida que acabei por descarregar a minha frustração em vez de me focar no problema. Como era de esperar a resposta foi absurda ("quem diz o que quer…"). Depois dessa, surgiu outra situação em que usei o livro de reclamações num serviço de urgência pois foi-me negada informação e nem a colaboradora sabia explicar o motivo. Aqui eu já escrevi de outra forma. Recebi outro tipo de resposta. Da outra vez que lá fui, essa informação já estava disponível para todos. A colaboradora deixou de ouvir "bitaites" dos utentes por causa disso. É este o efeito que se quer: melhorar e facilitar a vida de todos. Cuidem-se.