O Primeiro-Ministro anunciou na semana passada a abertura de mais vagas para o curso de Medicina e a criação de dois novos cursos, em Évora e Vila Real, como forma para ajudar na resolução dos problemas crónicos no Serviço Nacional de Saúde.
Sem surpresa, a Ordem dos Médicos e os sindicatos manifestaram-se contra, repetindo as críticas lançadas aquando da abertura do curso de Medicina na Universidade Católica – na altura, tive oportunidade de reunir com responsáveis envolvidos nesse processo, que descreveram em pormenor a forte oposição que estavam a enfrentar.
É um facto – e aqui as críticas fazem todo o sentido – que os problemas da saúde não se resolvem apenas com a abertura de mais vagas, da mesma forma que também não se resolvem apenas com mais dinheiro, como ficou demonstrado pela ação dos governos socialistas.
Mas sabendo-se que a esperança média de vida continua, e ainda bem, a aumentar, que a população está cada vez mais informada e que procura, e ainda bem, cuidados médicos com maior regularidade, e que muitos jovens portugueses continuam a ter de sair do país para conseguir tirar um curso – muitos deles não voltando –, será que perante estes factos faz mesmo sentido a oposição que temos assistido a esta medida?
É certo que é necessário olhar para a qualidade do ensino e para o papel central que o setor público tem - e terá de continuar a ter - na qualidade da formação, e que o serviço público de saúde é - e deve continuar a ser - central na prestação de cuidados de saúde, mas estou certo que tal só será conseguido com contributos a vários níveis, entre os quais se contam o reforço dos meios financeiros, uma correta organização dos serviços que conduza ao aumento da eficiência e da produtividade e, claro está, também o aumento do número de vagas nas universidades.
Limitar o problema somente à falta de atratividade do sector público não é correto e é extremamente redutor. Por isso é de aplaudir a medida anunciada pelo Primeiro-Ministro.
Haja coragem para fazer tudo aquilo que é necessário e com toda a certeza os problemas serão resolvidos.
Jogos Olímpicos
Terminou mais uma olimpíada. Um evento que facilmente nos prende aos ecrãs, seja pela beleza das provas, do ambiente nos recintos desportivos ou simplesmente para vermos quando é que finalmente os nossos atletas recebem uma medalha. A muito esforço, e onde menos se esperava (pelo menos para os mais desatentos), lá conseguimos a nossa medalha de ouro. No final não foi tão mau quanto se temia; trouxemos para Portugal quatro medalhas, as mesmas que em Tóquio.
A expetativa de que o resultado fosse pior levou a que se questionasse os apoios ao desporto e até o tratamento a dar à disciplina de educação física, com alguns atletas a aproveitarem a oportunidade para reclamar por mais apoios públicos. É um facto que olhando para o “ranking” final verifica-se que dos Estados-Membros da UE com mais de nove milhões de habitantes, Portugal foi o menos medalhado, o que nos deve levar a refletir sobre a nossa política desportiva. Mas que se faça essa reflexão agora, e não só daqui a quatro anos, durante os jogos olímpicos de Los Angeles, se e quando as medalhas não aparecerem.
A outro plano, foi curioso, e irónico, ver tocar o hino de países europeus onde tem existido uma forte contestação à imigração, graças ao desempenho de atletas naturalizados fruto dessa onda de imigração. Não sei se terão sido recebidos nesses países com pompa e circunstância, mas que foi bom de ver, lá isso foi. Viva o desporto que nos une.