Há estudos feitos sobre as consequências negativas da desigualdade de género e de como elas recaem maioritariamente sobre as mulheres, de uma forma nada natural, mas construída por uma sociedade patriarcal. Não é uma questão de opinião. São factos. Recordo: as mulheres são as maiores vítimas da violência; são elas que continuam a ganhar menos ou a ter trabalhos mais precários; estão mais expostas à pobreza; são também elas que acedem com enorme dificuldade a cargos de poder, sendo notório o desequilíbrio de lugares ocupados por homens ou mulheres nas diferentes pirâmides de poder, apesar de serem elas que possuem habilitações literárias superiores às deles; trabalham fora e dentro de casa, superando em muito, e de uma forma pouco natural, o que um homem trabalha durante o dia. 78% das mulheres portuguesas com mais de 18 anos cozinham ou fazem tarefas domésticas todos os dias, contra 19% dos homens (Relatório do Instituto Europeu para a IG, 2021). São elas que assumem maioritariamente o papel de cuidadoras, sobrecarregando as suas vidas pessoais e profissionais. São elas que procuram ajuda para resolver os problemas da família.
Tem sido graças ao esforço de pessoas de vários quadrantes da vida política, incluindo da direita, que se tem feito caminho pela igualdade entre homens e mulheres, criando uma série de medidas que têm permitido diminuir as desigualdades de género. Várias dessas medidas passam igualmente pelo assinalar de dias especiais, em que se aproveita para reforçar trabalho, reflexão e debate sobre estes assuntos. Quanto mais falarmos, estudarmos, assinalarmos estes assuntos, mais a discriminação de género ficará afastada dos lares, das escolas, do trabalho, dos partidos políticos, conseguindo construir-se uma sociedade mais igualitária e respeitadora dos direitos humanos.
Em 28/10/2021, o Instituto Europeu para a Igualdade de Género revelou que Portugal subiu um lugar no Índice da IG, passando para a 15ª posição, em 27. Continua abaixo da média europeia. Um dos campos que melhorou foi o da participação das mulheres em cargos políticos. E isso deve-se, entre outras, à Lei da Paridade. Porque houve gente que achou que estas questões da IG não podem ser encaradas com naturalidade e remetidas unicamente para a escola.
Na União Europeia a IG é um valor fundamental, fazendo parte do Pilar Europeu dos Direitos Humanos. A ONU, de forma intencional, incluiu-a nos 17 Objetivos de Desenvolvimento Sustentável, com vista ao desenvolvimento dos Povos e do Planeta.
A desigualdade de género consolida-se quando as entidades públicas, que a deviam ajudar a combater, se demitem dessa responsabilidade. Infelizmente, parece ser o mote no Funchal. Pelos vistos, com naturalidade…