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Artigo de Opinião

Deputada do PSD/M na ALRAM

30/03/2022 08:00

Em pleno século XXI, não se deveria assistir a um retrocesso civilizacional deste nível; é que ninguém entende uma guerra, a não ser os lunáticos que a provocam, e tentar justificar com a libertação neonazi da Ucrânia como o dito senhor lá da Rússia o fez, peço desculpa, mas não me encaixa!

O sofrimento e a destruição, tanto do lado dos Ucranianos como aos que dentro da Rússia se opõem a esta guerra, são uma tragédia humanitária inqualificável.

Estamos a assistir diariamente a imagens dramáticas, que deviam chocar todo e qualquer ser humano… Milhões de deslocados e refugiados, em especial mulheres e crianças a fugir da morte e da destruição, gente a lutar todos os dias por salvar o que é seu, ataques a prédios residenciais, a estabelecimentos escolares, instituições hospitalares… e no final a justificação do atacante é que são alvos estratégicos para a libertação da Ucrânia! Simplesmente condenável, e sem perdão possível para quem o pratica e ordena!

Depois de dois anos de pandemia, com tantas dificuldades e provações a que muitos de nós fomos sujeitos, assistir a uma guerra é ficar mais próximos de uma hecatombe da humanidade. E de facto, depois de tanta adversidade, o que o mundo precisava era de alguma normalidade para que todos os povos tivessem a oportunidade de prosperar, mas tal não será possível.

Nos dias que correm, os impactos da guerra não se cingem ao rebentamento de bombas, à destruição e à fuga de milhões de pessoas; a guerra modifica as condições materiais e morais, com consequências na produção agrícola, industrial e comercial, bem como na saúde pública e nos comportamentos das populações por todo o mundo. Também sabemos que as consequências económicas da guerra não se limitaram aos países que a combatem; estendem-se neste momento aos países que fazem fronteira com a Ucrânia e que diariamente recebem milhares de refugiados, pessoas que lutam pela sua sobrevivência e que devem merecer de todos o devido acolhimento.

O facto inegável é que o ocidente já começou a sentir a reação "estagflacionária" fruto do conflito bélico na Ucrânia. As pressões inflacionárias já existentes estão a ser agravadas pelo aumento dos preços da energia e dos cereais. Simultaneamente, há risco de interrupções nas cadeias de abastecimento e os custos de transporte estão a aumentar novamente; as rotas comerciais interrompidas provavelmente irão atrasar ainda mais a recuperação e o crescimento das economias, e por mais que fechemos os olhos e que façamos figas, vêm aí tempos muito difíceis para todos nós.

Num artigo que li neste fim de semana, um teórico da Universidade de Cambridge, Mohamed El-Erian, explicava que mesmo que a guerra terminasse amanhã, levaria anos para que as economias russa e ucraniana recuperassem. E quanto mais tempo o conflito durar, maiores serão os danos para a economia global. É absolutamente inegável o grau de destruição em termos de infraestruturas que a Ucrânia está a ser sujeita; e embora se espere um maciço apoio internacional para sua reconstrução, o processo levará muito tempo e haverá certamente muitos obstáculos ao longo do caminho. Por sua vez, a Rússia terá muita dificuldade em restabelecer os vínculos económicos, financeiros e institucionais com o mundo exterior, particularmente com o Ocidente.

E perante tamanho cenário dantesco a que diariamente assistimos nos diferentes meios de comunicação social, e que nos trazem angústia e receio relativamente ao nosso presente e futuro, resta-nos praticar a solidariedade, alinhados com a comunidade internacional, na esperança de dar algum conforto e ajuda aos que sofrem com a guerra, e sobretudo, almejando que tudo isto acabe o mais rápido possível, a bem da humanidade!

Slava Ukraini!

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