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Artigo de Opinião

16/05/2023 08:00

Jesus, Maria, José! O meu coração disparou. As mãos tremeram. A voz embargou-se-me. Fiquei em estado de alerta, pois já suspeitava que na Madeira há sempre um nº da R. da Carreira que, com pés de veludo, permanece invisível, embora sistémico, na atuação normalizada do GR. Uá, mãe, querem ver que estamos a ser torturados desde que o PSD tomou o poder? Desde 1978 que vemos, ouvimos e lemos narrativas construídas em constante discrepância com a realidade. Até na ALRAM o PSD quer substituir as atas da Comissão de Inquérito das "obras inventadas", porque não lhes convém o que lá consta! Querem ver que temos de pedir ao Milhazes que venha investigar aqui o burgo? Nááááá, isso é má ideia. Sempre que vem cá alguém, parece que lhes colocam umas lentes que os encegueiram! Até os States telefonam a pedir conselho na área da saúde (e nós sabemos que há milhares de madeirenses em listas de espera para cirurgia ou consulta!)

Será que o GR tortura os números e as nossas mentes a toda a hora? Analisemos friamente:

Temos o menor nível de desemprego dos últimos 14 anos, dizem. Mas somos a 2ª região de Portugal com a maior taxa de desemprego! Diminui o desemprego? Mas o GR e os municípios gabam-se de estarem a aumentar os apoios sociais. Hein? Oi? 80% da população é abrangida pela redução do IRS, o que significa que milhares auferem baixos rendimentos. Valor do trabalho na RAM? Poucochiiiinho! Trabalha-se, mas os salários não dão para ter uma vida digna. Por isso, "investe-se" em apoios sociais, frangos congelados ou dúzias de ovos que garantem a docilidade de quem deles depende. Os dados oficiais informam que 61 mil madeirenses vivem na pobreza, mas o GR desdiz os seus próprios números.

Não me identifico com este modelo de desenvolvimento que vigora na RAM há mais de 45 anos, sempre pela mão do PSD, e agora do CDS, e que gera a 2ª maior taxa de risco de pobreza de todo o Portugal. A política serve para melhorar a qualidade de vida das pessoas, não para a agravar. Por isso, luto para mudar e apoiar um modelo que valorize e dignifique o valor do trabalho e que reconheça quem trabalha como um elemento fundamental, criador de riqueza e inovação no País.

Revejo-me na Agenda do Trabalho Digno, criada pelo governo da República, que entrou em vigor no passado 1º de maio e que reconhece que há problemas relacionados com o trabalho que é preciso resolver. Políticas que olham para a realidade e constroem soluções justas e inclusivas. Subir o valor do salário mínimo até os 900€, até 2026; esbater as desigualdades através da criação de trabalho bem remunerado; reconhecer que se produz mais e melhor, quando se distingue e concilia o tempo definido para a profissão, para a família e para cada pessoa; reconhecer a importância da negociação coletiva, dos sindicatos e das empresas para a construção de riqueza e de inovação no País; criar medidas que combatem a precariedade laboral ou o trabalho temporário e a exploração de jovens no mundo do trabalho.

Fechar os olhos é colaborar na manutenção de um poder único, que precisa dos votos e da abstenção para se legitimar, manipular e controlar. "Vemos, ouvimos e lemos, não podemos ignorar"! Façam escolhas diferentes!


* Sophia de Mello Breyner/Francisco
Fanhais

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