O presidente da Iniciativa Liberal defendeu hoje que a situação política na Madeira constitui “um embaraço” para o PSD e pediu a realização de novas eleições após a queda do governo regional, fazendo um apelo ao voto.
“Há claramente um embaraço. Eu creio que é um embaraço para o PS estar sempre acompanhado pelo Chega em muitas matérias e creio que é um enorme embaraço para o PSD que a situação na Madeira envolva Miguel Albuquerque, que é ele próprio arguido, tinha no seu governo, agora demissionário, cinco arguidos em processos judiciais, alguns deles ligados ao exercício das próprias funções públicas”, afirmou.
À margem de uma reunião com o presidente da Ordem dos Arquitetos, em Lisboa, Rui Rocha questionou: “Como é que isto é possível e como é que se pode lutar contra a corrupção a nível nacional quando se tem um critério tão facilitista quando se olha para o governo regional da Madeira?”.
Defendendo que “não se pode ter dois pesos e duas medidas”, Rui Rocha e considerou “incompreensível que o PSD, e nomeadamente Luís Montenegro, tenha uma proximidade tão grande a Miguel Albuquerque” e, ao mesmo tempo, o Governo se comprometa com medidas anticorrupção, questionando se serão aplicadas na Madeira.
“Eu ouço Luís Montenegro dizer que o PS e o Chega de alguma maneira se uniram nesta matéria como noutras, e dou-lhe razão, e ouço também as críticas que se fazem ao PSD por estar neste momento numa situação em que tem um apoio declarado a Miguel Albuquerque quando se sabe que o Governo Regional da Madeira tem cinco arguidos em oito possíveis, uma situação também absolutamente insustentável. Portanto, eu ouço estas acusações de uns em relação aos outros, dos outros em relação aos primeiros e digo, têm todos razão”, afirmou o presidente da IL.
O liberal defendeu que “há um entendimento implícito, tácito do PS e do Chega relativamente a muitas matérias” e que os dois partidos estão “alinhados em muitas áreas, quer ao nível da Madeira, quer ao nível nacional”.
Questionado sobre novas eleições seriam a melhor solução para a região autónoma, Rui Rocha começou por admitir que “começa a haver um cansaço eleitoral na Madeira, são muitas eleições consecutivas sem que se possa chegar a nenhum tipo de solução”, mas deixou um apelo ao voto.
“Aquilo que eu posso desafiar os eleitores da Madeira é, havendo eleições, a procurarem outras alternativas e a darem confiança política a outras alternativas que querem o desenvolvimento da Madeira, querem o crescimento económico da Madeira, mas que não toleram este tipo de situações dúbias do ponto de vista ético e do ponto de vista do próprio exercício da função governativa regional”, afirmou.
O líder da IL indicou que o seu partido “continuará a apresentar-se aos madeirenses com essa visão, essa visão de crescimento económico, essa visão de mudança dos princípios éticos da governação”.
Na terça-feira, a Assembleia Legislativa da Madeira aprovou, por maioria, a moção de censura apresentada pelo Chega ao Governo Regional minoritário do PSD, liderado por Miguel Albuquerque, o que implica a queda do executivo.
O documento recebeu os votos a favor de toda a oposição - PS, JPP, Chega, IL e PAN, que juntos reúnem 26 eleitos, ultrapassando assim os 24 necessários à maioria absoluta -, enquanto o PSD e o CDS-PP (que tem um acordo parlamentar com os sociais-democratas) votaram contra.
A aprovação da moção de censura, uma situação inédita no arquipélago, implica, segundo o Estatuto Político-Administrativo da Madeira, a demissão do Governo Regional e a permanência em funções até à posse de uma nova equipa.