Abriu esta quinta-feira ao público no Museu de Fotografia da Madeira – Atelier Vicente’s, espaço tutelado pela Secretaria Regional de Economia, Turismo e Cultura, a exposição de Joaquim Augusto Sousa, um dos primeiros e “mais importantes fotógrafos amadores da Madeira”.
Como noticiado anteriormente pelo JM, a mostra reúne 70 fotografias em gelatina e sais de prata e colódio húmido, alguns quadros e um álbum do fotógrafo com paisagens madeirenses, gentilmente cedido pela Casa-Museu Frederico de Freitas, sobretudo datadas desde o último quartel do século XIX e primeiros anos do século XX.
Na ocasião, em que participaram alguns dos bisnetos e trinetos de Joaquim Augusto Sousa, o secretário regional de Economia Turismo e Cultura, Eduardo Jesus, que saudou a presença destes familiares do fotógrafo, começou por salientar o trabalho deixado por este madeirense. “Temos de engrandecer o contributo desse trabalho”, referiu, recordando que “estamos a falar de fotografias captadas ainda no século XIX”, quando “não abundavam meios como hoje em dia”, disse o governante.
“Nessa altura as pessoas que tinham interesse na modernidade, tinham, elas próprias, de inventar os meios para que a mesma acontecesse. Joaquim Augusto Sousa é uma prova dessa atitude”, disse. “Nós temos aqui o legado de alguém que não foi apenas um fotógrafo amador, um curioso. Foi alguém que inventou, criou e desenvolveu a vários níveis e que, querendo acompanhar a evolução tecnológica da altura, esteve à frente dessa evolução, marcando o seu tempo”, acrescentou Eduardo Jesus.
O secretário regional recordou ainda que Joaquim Augusto de Sousa apresentou o seu primeiro álbum de fotografia com apenas 19 anos e recebeu uma menção honrosa na Exposição Universal de Paris de 1889. “Não estamos a falar de uma ação doméstica, circunscrita às fronteiras naturais da nossa ilha. Foi alguém que esteve presente com o seu trabalho nesta exposição que marcou sem dúvida alguma, o final do século. Além disso, teve a oportunidade de acompanhar a visita dos Reis à Madeira em 1901”, lembrou. Joaquim Augusto Sousa “deixou-nos mais um registo importante da história, do património, de eventos de diversa natureza, de paisagem, de pessoas, da arquitetura da Madeira, num fundo de mais de 1.700 fotografias, incorporado aqui nesta casa e que hoje faz parte da coleção da Região”.
“Há uma diversidade de interesses que ficam bem patentes no seu percurso e há um aspeto que tem a ver com a irreverência tecnológica da altura, já que, através da estereoscopia, Joaquim Augusto Sousa deixou também experiências precursoras no que diz respeito ao que nós conhecemos hoje como sendo o 3D. E isso revela esse inconformismo de querer ultrapassar as limitações da época e deixar também alguma coisa de concreto”.
Eduardo Jesus associou ainda a exposição inaugurada à homenagem iniciada em 2021 com “duas publicações que foram feitas no Arquivo e Biblioteca da Madeira onde esta coleção ou parte desta coleção foi objeto de divulgação”. “Há aqui uma sequência lógica nestes acontecimentos: depois do tratamento e recuperação, a divulgação dessas imagens, também essas publicações e agora esta exposição”.
O governante aproveitou para salientar que o acervo fotográfico da Região, à guarda da Direção Regional dos Arquivos, das Bibliotecas e do Livro é composto atualmente por cerca de 4 milhões de positivos e negativos. “Eram 3 milhões em 2015, e desde então foi incorporado outro milhão, portanto cresceu cerca de um terço desse mesmo património”.
A mostra da Joaquim Augusto Sousa pode ser visitada no Museu de Fotografia da Madeira – Atelier Vicente’s até março de 2025.