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Migrações: Espanha fala em mudança de perfil dos migrantes que estão a chegar às Canárias

Data de publicação
18 Setembro 2024
16:30

O Governo espanhol disse hoje que há uma mudança de perfil dos migrantes que estão a chegar às Canárias desde o verão de 2023 em embarcações precárias, sublinhando o aumento de pedidos de proteção internacional e asilo.

Num debate no parlamento espanhol, em Madrid, a ministra com a pasta das migrações, Elma Saiz, referiu hoje “o crescimento do número de chegadas às costas espanholas” de pessoas a bordo de embarcações precárias oriundas de África desde o verão de 2023 e acrescentou que há “uma mudança de perfil, com mais pedidos de proteção internacional e mais pessoas subsarianas do que do Magrebe”.

Em linha com o que tem dito o Governo espanhol no último ano, Elma Saiz considerou determinante para os números inéditos de chegadas de migrantes às Canárias a instabilidade política nos países do Sahel.

A ministra considerou que este movimento migratório é “um enorme desafio humanitário e logístico” a que Espanha tem dado resposta e garantiu que a ocupação dos centros de acolhimento das Canárias para migrantes adultos se tem mantido na fasquia dos 50%.

Elma Saiz afirmou que as Canárias já tinham lidado, em anos anteriores, com outras crises migratórias e vagas de embarcações precárias a chegarem às costas das ilhas e foram aprendidas lições que levaram a reforçar recursos e a mudar processos de gestão.

Quanto ao acolhimento de menores não acompanhados que chegam às Canárias, os centros de acolhimento estão sobrelotados há meses e a ministra voltou a culpar a oposição de direita e extrema-direita por isso.

Elma Saiz recordou que três partidos (Partido Popular, Vox e Juntos pela Catalunha) chumbaram em julho passado uma alteração à lei de imigração que tinha como objetivo a transferência automática para outras regiões autónomas espanholas de menores não acompanhados quando a capacidade de acolhimento nas Canárias e nas cidades de Ceuta e Melilla superar os 150% de ocupação.

A ministra foi hoje ao parlamento dar explicações sobre a crise migratória em vários pontos da costa espanhola a pedido do Partido Popular (PP, direita), que acusou o governo socialista de inação e considerou haver “caos e serviços colapsados” em vários locais do país.

O PP pediu reforço de meios nos serviços de resposta aos migrantes, mas também no controlo de fronteiras.

“Todos sabemos que, por mais alto e largo que seja um muro ou uma vedação, isso não impedirá uma pessoa que foge à fome, à discriminação ou às balas de lutar por uma vida digna”, respondeu a ministra.

Mais de 25.500 pessoas chegaram às ilhas Canárias desde o início do ano de forma irregular, em embarcações precárias conhecidas como ‘pateras’ ou ‘cayucos’, um aumento de 123% em relação a 2023, segundo dados do Governo de Espanha.

Em todo o ano de 2023, chegaram desta forma ao arquipélago espanhol 39.910 pessoas, o maior número de sempre registado nas estatísticas oficiais.

No conjunto de Espanha, o número de migrantes que entraram no país de forma irregular entre janeiro e agosto deste ano foi 35.456, um aumento de 62,8% em relação a 2023, sobretudo, por causa das Canárias.

Espanha - com costas no Mediterrâneo e no Atlântico e duas cidades que são enclaves no norte de África (Ceuta e Melilla) - é um dos países da União Europeia (UE) que lida diretamente com maior número de chegadas de migrantes em situação irregular que pretendem entrar em território europeu.

A questão das migrações e da situação que se vive nas Canárias levou já a duas deslocações este ano do primeiro-ministro de Espanha, Pedro Sánchez, a países da África ocidental.

A primeira deslocação de Sánchez, em fevereiro, foi à Mauritânia e viajou acompanhado pela presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen. Os dois anunciaram então ajudas de centenas de milhões de euros ao país africano, para gestão de fluxos migratórios e apoio a refugiados, entre outros objetivos.

Na segunda deslocação, no final de agosto, Sánchez esteve na Mauritânia, Gâmbia e Senegal e assinou protocolos nos três países para promover a “imigração regular”, com a contratação de trabalhadores na origem.

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