1. LICENÇA PARA ROUBAR.
Lembram-se do famoso filme do James Bond, Licença para Matar? Aqui na Madeira vamos ter uma adaptação da sequela do filme à política. Quem assistiu aos festejos da vitória do PSD/Madeira ficou com certeza que agora é que vai ser um «é fartar, vilanagem». Há carta branca para o saque à manjedoura pública. Depois de vermos os protagonistas da vitória, com Pedro Calado à cabeça e entre outras “digníssimas” personalidades do laranjal aos pulos de euforia, ficamos com a certeza de que a viagem vai ser atribulada. A fatura da tão proclamada “estabilidade” chegará dentro de alguns anos. Para já, esfregam-se as mãos. O banquete está servido.
2. A POPULAÇÃO NÃO GOSTA DE POLÍTICA.
Temos de dar a mão à palmatória. A grande vitória para o povo é saber que só terá de ir votar para o Parlamento Regional em 2029. Eleições e partidos? Quanto menos, melhor. Quanto maior o boletim de voto, mais assopros ouvimos. Se ganhasse um euro, por cada vez que ouvi a pergunta “para quê tantos partidos?”, estaria rica. A democracia é boa, mas de quatro em quatro anos e olhe lá. Mais que isso é uma maçada e um desperdício de dinheiro público. Não é por acaso que tivemos 300 anos de inquisição e mais 40 anos de fascismo salazarista sem grandes convulsões. A retórica que as eleições são o melhor exercício de cidadania e de democracia é mesmo só isso, retórica!
3. A ESTABILIDADE DA MALANDRAGEM.
O crime compensa. Para o povo madeirense, o valor da estabilidade prevaleceu sobre a corrupção. Preferem ser roubados, a ter que mudar os protagonistas políticos ou a correr o risco de ir a eleições novamente. Até porque não acreditam que haja uma alternativa melhor. Só uma Região distante da Europa, vítima de anos e anos de isolamento, de défice democrático e de graves crises de subsistência toleraria e escolheria, durante tanto tempo, um regime desta natureza. Vamos bater recordes de longevidade, rivalizando com os regimes ditatoriais africanos.
4. MANUEL ANTÓNIO E JARDIM.
Se há responsáveis pelo regresso das maiorias do PSD, são Manuel António Correia e Alberto João Jardim. Os interesses do grande “polvo” falaram mais alto. O que está em jogo é muito elevado para se perder em meras quezílias partidárias. Ao fim ao cabo não interessa quem está à frente, desde que a manjedoura seja dividida por todos. Comem todos à mesma mesa. E eu, que pensava que o tempo das maiorias absolutas já era passado, estava enganada. O PSD ficou a pouco mais de 300 votos da maioria absoluta. O CDS, entretanto, já mandou forrar a cadeira da Presidência da Assembleia Legislativa da Madeira.
5. A MEA CULPA DA OPOSIÇÃO.
Somos obrigados, a fazê-la. Não conseguimos aproveitar a decadência do PSD, para construir uma alternativa credível e viável para governar a Madeira e melhorar a vida das pessoas. Paulo Cafôfo foi o coveiro da união da oposição. O JPP saiu vitorioso e passou a líder da oposição. Contudo, não posso deixar de lamentar que o JPP, não tenha tomado a iniciativa de juntar a oposição. É importante relembrar que foi a união da oposição que, em tempos, abriu caminho à mudança e onde tudo começou.
6. FORÇA MADEIRA.
A política não é justa, nem bonita, nem feita pelos melhores. Aprendi essa lição há muito tempo. Não foi por acaso que escolhemos o nome Força Madeira para a Coligação dos pequenos partidos. Porque, de facto, é preciso muita força para ser oposição honesta e verdadeira na Madeira. Em muitos aspetos saímos vitoriosos, apesar dos resultados eleitorais. Estou orgulhosa do percurso que trilhámos, com a certeza de que estávamos no caminho certo. A luta continua.