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Artigo de Opinião

3/08/2022 08:01

Face aos Giulietta, este novo automóvel distinguia-se desde logo pelo motor. O bialbero de 4 cilindros passou dos 1290cc para os 1488cc, com válvulas a 90º e a introdução da doppia accencione - mais tarde o famoso Twin Spark. Como resultado, debitava cerca de 145cv às 8000rpm, permitindo uma velocidade máxima de 225 km/h. Tinha uma potência específica de quase 100 cv/litro, o que era um valor altíssimo em 1955.

A cilindrada foi definida com base na realidade dos principais competidores na altura e recebeu também uma caixa close-ratio de cinco velocidades. Assim nasceu o protótipo apelidado de 750 Competizione, do qual foram construídos pelo menos dois exemplares.

Baseado no Spider, tinha como objectivo competir na categoria Sport, na classe 1500cc. A carroçaria era tipo barchetta, em alumínio - pesando cerca de 770kg — desenhada por Felice Boano para a Ghia. O chassis, em aço, foi construído por Carlo Abarth, o famoso preparador austríaco Karl Abarth, já convertido em italiano.

A Abarth, na época tinha uma relação próxima com a Alfa Romeo em alguns projectos especiais, muito por influência de Rudolf Hruska, também austríaco.

Hruska colaborara com Abarth no projecto Cisitalia 360 de Grande Prémio. Anteriormente, havia participado, nos anos 30, com Ferdinand Porsche na concepção do projecto KDF, mais tarde apelidado de VW type 1. E, durante a II Guerra Mundial, ajudara a desenvolver os tanques de guerra Tiger alemães. Entrou na Alfa Romeo para coordenar a produção do modelo Giulietta .

O chassis era em aço reforçado com uma estrutura tubular para maior leveza final. Apresentou, contudo, fragilidades por ser flexível em excesso. Para corrigir a falha, foi efectuado o reforço da estrutura, à custa do aumento do peso total.

Segundo declarações do Eng. Giuseppe Busso - máximo responsável pela mecânica dos Alfa Romeo na época - o protótipo barchetta foi apresentando durante os testes vários problemas a resolver, e a própria marca foi de uma forma gradual perdendo interesse no mesmo.

Havia o objectivo inicial de produzir 50 exemplares mas, com os vários problemas na sua gestação, o 750 Competizione foi cancelado pela direcção da empresa.

Era de importância vital concentrar todas as energias no projecto industrial e na produção das versões de estrada dos Giulietta e no furgão Romeo.

O seu sacrifício na gólgota do pragmatismo industrial não foi em vão. A famosa Giulietta foi um sucesso industrial para a Alfa Romeo, tornando-se o primeiro modelo de grande produção para a marca desde a sua fundação em 1910. Foi o automóvel que permitiu à marca lombarda democratizar a sua produção, permitindo uma nova franja de clientes que valorizavam a velocidade e o dinamismo na condução da Giulietta, que ficou conhecida pela fidanzata d'Italia, a "namoradinha de Itália"!

Um dos protótipos do 750 Competizione está exposto no Museo Storico Alfa Romeo em Arese, arredores da cidade de Milão.

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