No mesmo dia, sexta-feira, 5 de agosto, o JM acrescentou que a escola tomou conhecimento do caso em fevereiro deste ano.
Que o professor foi ouvido na PJ. Que foi suspenso por 160 dias.
Que a PSP e o Governo colaboram com a PJ.
Que uma antiga vítima vinha do estrangeiro para testemunhar.
E que o professor acusado negava tudo, menos que tinha sido suspenso.
No domingo, 7 de agosto, foi notícia que o Conservatório agiu de forma célere e que suspendeu o professor acusado um dia depois. Uma versão contestada por pais, mas foi essa a garantia do presidente do Conservatório em resposta enérgica assumida ao JM.
Na terça-feira, 9 de agosto, outro ex-aluno recorda ao JM o calvário que diz ter sofrido. Acrescentou detalhes de uma investigação levada a cabo em 2011 e já então noticiada no DN.
No mesmo dia, o presidente do Conservatório publicou uma nota numa rede social com uma fervorosa defesa da instituição. Elogiou professores, funcionários, dirigentes e "2.000 brilhantes alunos". Sobre alguns desses alunos em particular, justamente os visados nas notícias, nada.
Na quinta-feira, 11 de agosto, mais dois ex-alunos contam o que viveram em 2007.
O que é estranho em todo este caso, que já arrastou mais três alunos e preocupa várias famílias, é que até agora nem uma palavra tenha sido dita, escrita, ou mandada escrever em defesa dos alunos que assumem as queixas e denúncias.
Ou seja: o Conservatório, que viveu com um professor suspenso por seis meses, não é capaz de uma palavra pública de conforto, uma só, para com os alunos e as famílias. O Governo, que aceitou a recomendação da escola e mandou suspender o professor, nada tem a dizer para as alegadas vítimas nem suas famílias. Nem sequer foi criada uma das famosas comissões de inquérito, tão à portuguesa.
E os sindicatos dos professores, sempre tão rápidos nas suas reivindicações salariais e progressões de carreira, dizem que isto
não é com eles.
Os partidos, que andam para cima e para baixo a fazer que fazem coisas importantes, continuam para cima e para baixo sem perder um minuto com estas coisas, como se fossem ‘coisas lá deles’.
E todos seguem o seu caminho como se não fosse nada. Como se fosse normal lidar com um, depois com dois e depois com quatro relatos que vão bater ao mesmo, embora em datas distantes.
Percebe-se a necessidade de recato dos responsáveis, mas não se entende tamanho silêncio. E muito menos a ausência de uma palavra pública aos alunos que se revelam disponíveis para recordar o que sentiram para que outros não o voltem a sentir.
Atenção que não foi pedida a condenação de ninguém nesta fase. Não se nota interesse em queimar etapas. Não há aqui julgamentos, nem é disso que se trata.
É de conforto. De uma palavra de conforto para com os alunos. No mínimo para dizer que a investigação será rigorosa. Que ninguém vai deixar de ser ouvido. Que ninguém fica para trás.
Mas não. Nada. Nada de nada!
Então e os alunos que já são adultos e ainda vivem atormentados por um passado que dizem não ter esquecido? Não há nada para esses?
E as crianças, senhores! Quem defende os alunos?!
O caso até pode ter prescrito. Os testemunhos podem já nem ter validade judicial.
Mas a memória não prescreve.
O respeito não prescreve.
O medo não prescreve.